Na série Times Imortais nós falamos de times que marcaram época, tiveram jogadores lendários e venceram títulos de maneira marcante e que os deixaram para todo o sempre na história do esporte. Mas o time de hoje não é só Imortal, ele é também Invencível. Hoje você vai conhecer a história de um dos melhores times ingleses da história, o Arsenal de 2003/2004 comandado por Arsène Wenger e que venceu a Premier League de maneira invicta: o Arsenal dos Invencíveis.
1996 – O começo de uma nova era
Para falar desse timaço e dessa conquista é impossível não começar da contratação mais importante que essa equipe já fez: o técnico Arsène Wenger.
O Wenger era treinador do AS Monaco, cujo comandou por sete temporadas, instaurando lá uma revolução no clube, com mudanças desde aos treinamentos até à dieta dos jogadores, e com isso venceu logo na sua primeira temporada o título da Liga Francesa, além de chegar até a uma semifinal de Copa Europeia, hoje a Champions.
Após os sete anos ele vai treinar o Nagoya Grampus no Japão e tem um ano muito bem sucedido, onde muda o nível do clube e vence taças, se tornando símbolo no time e na própria liga japonesa, o que fez brilhar o olho do próprio Wenger com uma vontade de sair para treinar um time de maior expressão na Europa.
Wenger chega no Arsenal
É então em 1996 que o Arsenal precisava de um técnico e acredite se quiser: um dos nomes mais ventilados lá dentro era o de Johan Cruyff! Só que o lendário treinador holandês tinha acabado de sair do Barcelona dizendo que queria dar um tempo do futebol, e então a diretoria optou pelo desconhecido – pelo menos na Inglaterra – Arsène Wenger. Nem todo mundo gostou: ir (na especulação) de um dos maiores técnicos da história para um francês que estava no Japão parecia o clube não sendo ambicioso o bastante. Existia também um preconceito por parte da imprensa que acreditava que, por ele ser estrangeiro, “não sabia nada sobre o futebol inglês” e não era a escolha certa para um time como o Arsenal.
Ele chega e como sempre implementa suas filosofias, mudando o treinamento e dieta dos atletas, o que não agradou a todos. Tem até uma anedota curiosa do primeiro jogo do Wenger, quando depois de banir os doces dos jogadores eles no ônibus teriam cantado algo como “Queremos nosso chocolate” para tentar fazer a cabeça dele, mas não rolou e eles ficaram só no frango com batata doce mesmo.
“O que é realmente terrível é a dieta na inglaterra. O dia inteiro você bebe chá com leite e café com bolo. se você fosse escolher o que não comer como esportista, é o que tem aqui”
– DO LIVRO ARSENE WENGER: THE INSIDE STORY OF ARSENAL UNDER WENGER
O sucesso não é imediato mas ainda assim é rápido: com hoje lendas do clube como Ian Wright, Bergkamp, Vieira e craques como Overmars e Anelka, os “chocólatras do Wenger” vencem a Premier League e a FA Cup na temporada 1997/1998, com a dobradinha sendo o primeiro sinal de que o trabalho do treinador estava dando resultado e mostrou que ele ser estrangeiro não era nenhum problema, muito pelo contrário: como ele mesmo diz, significou uma mudança na cultura do futebol de um time que passou de monocultural para multicultural desde sua chegada.
Nos próximos anos os títulos não vêm, mas não era por culpa do trabalho dele não, e sim por causa do Alex Ferguson, que no comando do Manchester United ganhava título a rodo e não deixava pra mais ninguém, com o Arsenal sendo vice dele na Premier League por três anos consecutivos.
Nesse período o time tem perdas como a saída do Ian Wright, do Overmars e do Anelka, mas vai se encorpando com reforços importantes como o meia Robert Pires vindo do Marseille; o ponta sueco Ljungberg; os laterais Lauren, camaronês, pela direita, e a cria da base Ashley Cole pela esquerda; além de uma das maiores surpresas de todas as janelas de transferências: a virada de casaca do zagueirão Sol Campbell, indo para o Arsenal depois de ter passado quase uma década defendendo o maior rival do clube, o Tottenham, no que foi considerada uma das maiores traições de todos os tempos do futebol.
A chegada do craque Thierry Henry
Todos esses nomes contribuíram para a equipe, mas um cara em especial merece destaque: Thierry Henry.
O atacante francês é cria das categorias de base do Monaco e inclusive foi revelado pelo próprio Arsène Wenger quando ele estava lá, só virando titular mesmo quando o técnico já havia saído. É lá onde ele se destaca como um jogador importante mas até então de poucos gols, fazendo parte da seleção da França que vence a Copa de 1998. Isso tudo chama a atenção da Juventus, que o contrata naquele mesmo ano.
Lá ele não deu muito certo, estava jogando mais aberto e longe do gol o que não era a dele, e depois de pouquíssimo tempo é contratado pelo Arsenal em 1999, se reencontrando com o Wenger como a contratação mais cara da história do clube custando 11 milhões de libras. E o investimento deu retorno, porque se até aqui ele marcava pouco, o Wenger transforma ele numa máquina de gols. Pra se ter uma noção, pelo Monaco e Juventus em suas 5 temporadas como profissional ele havia marcado 31 gols, e já na sua primeira temporada com o Arsenal ele marca 26, mostrando um novo lado muito mais artilheiro.
Chega então a temporada 2001/2002, e esse time liderado pelo Henry quebra a seca e vence novamente o doblete, com 32 gols do francês na temporada onde venceu a Premier League e a FA Cup com o que já era chamado de Wengerball, o estilo do time de jogar com passes rápidos e objetivos com um futebol ofensivo e que encantava a quem assistia, além de ser sólido defensivamente.
Na temporada 2002/2003 o time estava a todo o vapor e o Wenger deu uma declaração que deixou bastante gente surpresa:
A ideia de que um time passaria uma temporada inteira de Premier League, super competitiva do jeito que é, sem perder um mísero jogo sequer era insana. E pra delírio de quem duvidava, de fato parecia impossível: apenas na 10ª rodada da Premier League o Arsenal perde para o Everton fora de casa, e a derrota foi amarga não só pra sequência invicta como pro restante da temporada, com o clube perdendo mais algumas depois e eventualmente sendo o Manchester United mais uma vez que levantava o caneco.
Craques da europa, futebol envolvente e títulos importantes já eram o bastante pra deixar esse time reconhecido como um dos bons daquele período, mas o que aconteceu a seguir é o que tornou o time Invencível.
2003/2004 – Os Invencíveis
Pra começar a temporada 2003/2004 o Arsenal passou longe de ter reforços importantes como nos anos anteriores, e talvez o único deles tenha sido o goleiro Jens Lehmann, vindo para substituir o ídolo David Seaman que havia saído para o Manchester City. Parecia pouco pra um time que queria disputar o título da Premier League, mas só parecia mesmo.
Dito isso, já dá pra gente montar o time titular do Arsenal para aquela temporada:
O esquema normalmente era um 4-4-2. No gol o Lehmann, que era aquele goleiro moderno e que salvava o time de vez em quando. Na lateral direita o consistente Lauren, e na zaga o experiente Sol Campbell fazia dupla com o jovem Kolo Touré, que havia chegado no clube no ano anterior, com o também novinho Ashley Cole completando pela lateral esquerda, já nessa época absurdo pelo ataque, às vezes quase que como um ponta mesmo.
Na cabeça de área ficava Gilberto Silva, que também chegou no clube no ano anterior vindo do Atlético Mineiro depois de se destacar na Copa do Mundo daquele ano sendo uma espécie de carregador de piano para caras como o Ronaldinho, Ronaldo e Rivaldo, e foi pra fazer essa mesma função defensiva que ele chega no clube londrino. Fazendo dupla com ele o francês Patrick Vieira, o capitão da equipe que era um meio campiqsta box to box, que muito pela solidez da “Muralha Invisível” – apelido do Gilberto Silva – conseguia se mandar para o ataque e ser diversas vezes o elemento surpresa da equipe.
Na meia/ponta direita ficava o sueco Ljungberg, que não era nenhum gênio da bola mas era peça fundamental pela sua velocidade e disposição ali no flanco direito do time. Na esquerda jogava Robert Pires, ele sim um jogador extremamente habilidoso, capaz de tirar um coelho da cartola quando ia pra cima dos adversários.
O primeiro nome da frente não era bem um homem de área, e sim uma espécie de segundo atacante ou até meia-atacante: Dennis Bergkamp. O camisa 10 da equipe flutuava bastante e era o grande cérebro da equipe, mesmo que aos 35 anos já não tivesse a mesma disposição de antigamente, e formava uma ótima dupla com o craque da equipe, Thierry Henry, que em dia de jogo do Arsenal só não fazia chover mesmo: criava jogadas, ia pra cima dos adversários com um drible fora do comum – até gol de falta o homem fazia – e era a peça perfeita para um time que encantava a todos que o assistiam. Isso sem contar em caras como o zagueiro Keown, os meias Parlour e Edu Gaspar e os atacantes Wiltord e Kanu, que compunham o elenco do time e sempre entravam nas partidas.
Um começo implacável
O começo da temporada foi arrasador, e com esse time voando depois de 4 vitórias e 1 empate chegava o confronto contra o Manchester United lá no Old Trafford. Pode parecer exagero, afinal era só a sexta rodada, mas não era nenhum absurdo dizer que essa já era a final antecipada do campeonato. Sim, na 6ª rodada. Isso porque os dois times passaram os últimos anos se alternando em ganhar a Premier League, e quem ganhasse esse confronto ganharia aquele impulso que poderia ser o diferencial pra vencer o campeonato.
Essa partida ficou conhecida como “A Batalha de Old Trafford”, e como você deve imaginar pelo nome o jogo foi bastante pegado, com chances pra um lado e para o outro mas com o placar ficando no 0x0 na maior parte do tempo.
O Arsenal não estava com o ataque afiado como de costume e, pra piorar a situação, nos 32 do segundo tempo o capitão Vieira leva o segundo amarelo e é expulso depois de dar “um chute” no van Nistelrooy – só que o chute não chegou a acertar, deixando os Gunners indignados.
O clima estava pesado mas o Arsenal soube se defender bem com um a menos… até que no último minuto do jogo, aos 47 do segundo tempo, o zagueirão Keown comete uma falta no Forlán dentro da área… e é pênalti para o Manchester United.
Tudo indicava o fim de um sonho, com o time londrino mais uma vez perdendo a invencibilidade no comecinho da temporada. O van Nistelrooy pega a bola pra bater o pênalti, e nessa hora a torcida do Arsenal prende a respiração, cada segundo que passava pesando uma tonelada.
Nas palavras de Arsène Wenger:
Van Nistelrooy se prepara para a batida, corre pra bola e mete um pancadão nela: o chute explode no travessão, a bola vai para longe do gol e continua o 0x0. Não era pra essa bola entrar. O árbitro apita o fim da partida, com o empate tendo gosto de vitória em final de campeonato.
Para a torcida e para os jogadores, o Arsenal mantinha sua invencibilidade “contra tudo e contra todos”, depois do que eles acreditaram ser um erro na expulsão do Vieira e no pênalti marcado no Forlán. A impressão que dava era que se nem assim eles perderiam uma partida, então não tinha como vencê-los. Esse jogo deu uma casca para a equipe, mais unida do que nunca, que a partir desse momento sabia que passar a temporada sem perder não era uma ideia absurda: parecia destino. Como disse o Vieira:
O Arsenal vai então ganhando e ganhando – e empatando também, é verdade – mas sem perder nenhum jogo, inclusive engrenando 9 vitórias seguidas já na segunda metade da temporada. Nesse momento a confiança era tanta que eles não queriam só ganhar a Premier League, mas a tríplice coroa.
O pior mês daquela campanha
Mas se tem um ponto baixo dessa equipe foi o mês de Abril de 2004. O Arsenal enfrentava o Manchester United pela semifinal da FA Cup, sendo que alguns dias depois pegava o Chelsea pelas Quartas da Champions. Pedreira. E agora, o que fazer? Priorizar a Champions e deixar a FA Cup de lado? Ou ir com força total em todas as competições? Como o objetivo era ganhar tudo, foi por isso que optou o Wenger. Só que não deu certo.
Contra o Manchester United, o time titular perde de 1×0 e é eliminado da FA Cup no que foi um baita baque para os jogadores. No final das contas o time não era realmente imbatível.
Três dias depois pegava agora o Chelsea em casa para o segundo jogo da Champions, após ter empatado em 1×1 pela primeira partida das Quartas. O Arsenal até abre o placar no primeiro tempo, só que depois toma dois gols no segundo, sendo o primeiro em uma falha incomum do Lehman, e o da virada no finalzinho da partida, numa rara falha de marcação. Na mesma semana o clube era eliminado da FA Cup e agora também da Champions League. Esse era o pior momento do time na temporada, que via agora a pressão cada vez mais alta por manter a sua invencibilidade na Liga, a única competição que ainda restava.
E novamente apenas três dias depois de tudo isso, agora esse time com a confiança lá embaixo pegava o Liverpool pela Premier League, no que podia ser o hat-trick de derrotas na temporada.
O Arsenal dos Invencíveis
Foi numa Sexta-Feira Santa, depois de uma semana nada abençoada, que o Arsenal sai perdendo logo aos 5 minutos de jogo. A confiança dos caras estava no lixo, e parecia provável que tudo que eles conquistaram até ali iria embora de uma vez só, como tirar um curativo rápido para doer menos.
Mas é aí que brilha a estrela do craque da equipe: Thierry Henry marca três gols na partida, incluindo um onde ele sai driblando todo mundo e faz um gol antológico, garantindo o 4×2 no placar e uma vitória que mandava um recado: o sonho ainda estava vivo.
Faltavam 5 rodadas para o término do campeonato, mas a boa vantagem na liderança dos Gunners significava que o time poderia ser matematicamente campeão com apenas um empate em sua próxima partida. O jogo? Simplesmente era contra seu maior rival, o Tottenham, lá no White Hart Lane.
Imagina a cena: não só eles poderiam impedir o Arsenal de ser campeão já nessa rodada, como uma vitória significaria a quebra da Invencibilidade do time. Poderiam até ganhar o título depois, mas os torcedores do Tottenham lembrariam pra sempre como foram eles que acabaram com os Invencíveis.
Mas força de vontade não bastava contra um Arsenal implacável, que abre 2×0 logo no primeiro tempo, e mesmo vendo o Tottenham reagir e marcar dois no segundo mantém sua invencibilidade com um 2×2 que também significava a conquista da Premier League na casa do seu maior rival. Faltava apenas um sopro final para esse time fazer história.
Chega então o último jogo da Premier League, e um empate era o bastante para o time chegar ao seu principal objetivo. Era contra o Leicester, em casa, e as raposas abrem o placar aos 26 do primeiro tempo, com o Arsenal criando e criando mas sem conseguir marcar, indo para o intervalo com a derrota.
Eu poderia, mas nem adianta fazer suspense: logo no comecinho do segundo tempo, Ashley Cole sofre falta na área e é pênalti para o Arsenal. Quando o Henry vai para a cobrança, nem o mais ferrenho secador achava que ele ia perder. O francês marca então o seu 30º gol na competição e empata a partida. Alguns minutos depois o Bergkamp acha um passe mágico para o Vieira, que tira do goleiro e marca o gol não só da vitória, mas também o gol que os torna de fato Invencíveis: 26 vitórias, 12 empates, 0 derrotas. Um feito que parecia impossível, mas esse time aí mostrou que não.
“Ser Invencível é algo mais profundo, é recusar perder a qualquer custo. É não desistir nunca.”
– ARSENE WENGER.
2006 – O fim dos Invencíveis
Vale ressaltar que o título invencível foi o mais marcante, mas o time ficou sem perder na competição por mais tempo: no total foram 49 jogos de invencibilidade passando por três temporadas diferentes: foram os 2 últimos jogos da Premier League 2002/2003, a temporada inteira 2003/2004, e os 9 primeiros jogos da temporada 2004/2005. Faltava então apenas uma partida para os 50 jogos sem perder, o que deixaria esse time ainda mais lendário.
Pensando de maneira narrativa que o Arsenal é o protagonista dessa história, só tem um time que merece ser o vilão dela, aquele que foi a pedra no sapato do clube durante toda essa campanha: o Manchester United.
Lá no Old Trafford a partida foi como era de se esperar, com o jogo extremamente pegado. Chega a hora que parece ficção, porque aos 28 do segundo tempo o jovem Wayne Rooney cai dentro da área e é pênalti para o United. E quem vai para a cobrança? Van Nistelrooy.
Deve ter passado um filme na cabeça dele daquele pênalti perdido que por pouco não tirou a invencibilidade da equipe londrina. Dessa vez ele bate rasteiro, tirando do goleiro, e abre o placar. O Arsenal não consegue dar a volta por cima, o Rooney fecha o caixão no finalzinho e com o 2×0 no placar era o fim da invencibilidade, nas mãos – ou no caso nos pés – de um cara que de certa forma “ajudou” a criar ele.
É lógico que a derrota foi muito sentida, mas ainda assim acabou tirando uma baita pressão do time, agora finalmente “podendo perder” depois de tanto tempo. Abaixada a poeira, sensação de missão cumprida né? Bem… mais ou menos. Ainda tinha um título muito desejado que o time não tinha chegado nem perto de conquistar: a Champions League. Mas isso tudo muda na temporada 2005/2006.
A incrível campanha na Champions
Para essa temporada a base do time era a mesma com algumas mudanças como a saída do Vieira pra Juventus e a presença cada vez mais constante do jovem Fábregas no time titular.
O Arsenal lidera o seu grupo na Champions e continua bem no mata-mata derrotando o Real Madrid dos Galáticos nas oitavas, reencontra o Vieira quando despacha a Juventus nas quartas, e vence a surpresa Villareal nas semis pra chegar então na sua primeira final na história da competição.
Só que a final era contra o Barcelona de craques como o Deco, Eto’o e do atual melhor jogador do mundo: Ronaldinho Gaúcho.
E o final desse sonho é melancólico: logo aos 18 minutos de jogo o goleirão Lehmann comete falta no Eto’o e é expulso da partida, se tornando o primeiro jogador a receber o vermelho em uma final de Champions. Mesmo com a desvantagem é o Arsenal que abre o placar com gol de cabeça do Sol Campbell, num jogo que agora sim seria guerra para o time londrino.
Mas se não brilhava a estrela do Henry ou do Ronaldinho, foram os improváveis Larsson e Belletti que entram no segundo tempo para mudar o jogo: aos 31 do segundo tempo o Larsson participa da jogada do gol de empate do Eto’o; e aos 36 ele de novo dá uma assistência para o Belletti marcar o gol da virada e da vitória catalã na partida, que conquista o caneco e vê o Arsenal nadar, nadar e morrer na praia.
O derradeiro fim daquela equipe
Sem mais fôlego, dá pra dizer que esse sim foi o final daquele time. No final daquela temporada o Bergkamp anuncia sua aposentadoria, além das saídas do Pires, Campbell e da traição do Ashley Cole, cria da base do Arsenal que vai para o rival Chelsea. Nos próximos anos as saídas continuam, com outros invencíveis como o Ljungberg e Gilberto Silva indo embora.
Mas a que mais doeu foi a do Thierry Henry, o maior ídolo da história do Arsenal que vai para o Barcelona em 2007 numa saída que mostra que o time não tinha mais aquele espírito competitivo que o tornou lendário.
E teve outra despedida muito sentida: a do seu estádio. É naquela mesma época – 2006 – que o Highbury é demolido, com o clube se mudando para o moderno Emirates Stadium. É simbólico ver a destruição de um estádio icônico, cheio de conquistas, coincidindo com o fim dos Invencíveis. Ninguém melhor pra falar sobre isso do que o próprio Arsène:
O último dos Invencíveis a sair foi aquele que chegou primeiro: o Wenger deixa o clube em 2018 depois de 22 anos no comando da equipe, e mesmo que nunca tenha repetido o sucesso daquele período, ficará pra sempre na história por ter montado esse time que revolucionou o futebol inglês, dando cada vez mais espaço não só para jogadores estrangeiros como pra técnicos de fora também. E mais do que isso, fica na história por ter comandado um Time Imortal do futebol.