A história do futebol brasileiro pode ser contada do ponto de vista de quem é privilegiado. Durante a maior parte da história desse esporte fantástico, fomos e ainda somos a nação que mais foi presenteada pelos deuses do futebol com grandes jogadores. Mas nesse jogo bonito, existem diferentes classes para se referir aos chamados “bons de bola”. Existem os grandes jogadores, existem os craques, os fora de série, os gênios da bola, e existe o fenômeno. Sim, “O”, não “Os”, porque “Fenômeno” só existe um.
Essa é a história de Ronaldo, o Fenômeno, um dos maiores e melhores jogadores da história do futebol mundial e ídolo eterno da Seleção Brasileira.
Os Primeiros Passos do Fenômeno
Ronaldo nasceu no Rio de Janeiro, numa cidadezinha chamada Itaguaí. Ele cresceu em um bairro chamado Bento Ribeiro, no subúrbio da capital carioca, sendo o mais novo de três irmãos, estes chamados Nélio Jr e Ione. Desde cedo, o filho de dona Sônia e seu Nélio nutria o amor pela bola, o que o fazia cabular aulas para jogar futsal no Valqueire Tênis Clube, lugar onde Ronaldo iniciaria esse relacionamento tão inseparável com a redonda.
A infância de Ronaldo, período onde chegou a ter o apelido de Dadado, não era cheia de privilégios, mas também não era pobre. Ronaldo estudou em escola particular, pois sua mãe queria uma educação de qualidade pro filho e via isso como prioridade. Mas a verdade é que esse tipo de estudo não era ao que o menino estava destinado. A primeira vez que se viu que ele era diferente dos demais foi em sua época no futsal, atuando pelo Social Ramos. Disputando o campeonato metropolitano, o Dadado marcou 166 gols em um único ano, jogando contra os melhores da sua categoria. Esse foi um vislumbre claro de que o menino tinha uma certa vocação, e que ela estava totalmente relacionada a jogar bola.
Perto dos 13, Ronaldo tinha um sonho: conseguir entrar para a base do Flamengo, que era o seu time do coração e lugar onde seu ídolo Zico fez história. O garoto participou de uma peneira junto de outros 400 rapazes e foi aprovado com louvor. Só que no dia seguinte ele não apareceu. O motivo? Financeiro.
A passagem para vir de onde morava até o Flamengo custava muito caro, então para seguir seu sonho ele precisou optar por opções mais próximas. Foi então que um camarada chamado Ary de Sá, diretor de um modesto clube de futebol chamado São Cristóvão, propôs um intercâmbio de jogadores com o Social Ramos. O negócio era simples: jogadores que fossem bem no futsal do Social Ramos iriam jogar futebol de campo no São Cristóvão, com eles arcando com os custos de passagem e tudo mais.
Não era seu sonho, mas era a opção mais concreta que ele tinha, e foi essa chance que Ronaldo agarrou. Ele deu os primeiros passos numa cancha de futebol vestindo as cores do alvinegro e, em seu primeiro jogo, mostrou os dotes de um Fenômeno, ao marcar 3 gols na vitória por 5×3 contra o Tomazinho. Isso foi em Agosto de 1990 e era apenas o começo dos seus 2 anos e meio no São Cristóvão, onde cresceu, se desenvolveu como jogador, e se preparou para o próximo passo: que não seria pequeno.
A Ascensão
Aos 15 anos de idade, em 1992, os empresários Alexandre Martins e Reinaldo Pitta puseram as mãos no passe de Ronaldo, pagando 7,5 mil dólares ao São Cristóvão por ele. Valor que pode ser baixo pra um talento desses, mas o clube pequeno e com muitas dificuldades não pensou duas vezes.
Nessa época, Ronaldo chegou até a ser convocado para a seleção brasileira sub-17, onde ganharia muito mais notoriedade ao marcar 8 gols e ser artilheiro do Sul-Americano da categoria, que facilitou para o clube que o comprou depositar confiança no garoto.
Apesar de ter sido formado lá, Ronaldo jamais chegou a fazer um jogo profissional no São Cristóvão. O que nem de longe impede o clube de, até hoje, se orgulhar de ter sido o berço do nascimento do Fenômeno, como é possível ler de longe na arquibancada do estádio deles, que ainda por cima leva o nome de Estádio Ronaldo Luís Nazário de Lima.
Seus empresários tentaram colocar a promessa no Botafogo e no São Paulo, mas não conseguiram. Assim, o Cruzeiro foi o clube privilegiado de alçar Ronaldo para o futebol profissional. Com 16 anos, fez seu primeiro jogo no dia 25 de maio de 1993, pelo campeonato mineiro.
Mas seu primeiro gol com a camisa do clube só sairia meses depois, em Agosto, num amistoso disputado na Europa contra o Belenenses. Essa excursão rendeu olhares de gente grande na Europa, como a Inter de Milão, que fez ali sua primeira investida pelo gênio, oferecendo 500 mil euros, o que já era muito mais do que o Cruzeiro havia pagado. Mas o clube teve calma. Ainda não era hora de sair. Essa valorização ainda poderia ser muito maior. E foi.
Ronaldo não demorou a explodir e nem precisou de um longo período de adaptação e aprendizado com os profissionais. Quando menos se esperava ele já era o grande destaque do time, mesmo sendo só um rapaz franzino. Em 1993, ele marcou 12 gols em 14 partidas do campeonato brasileiro, sendo o 3º artilheiro do torneio, agora com 17 anos.
Foi nessa época que ocorreu o famoso jogo contra o Bahia em que ele marca 5 gols, 1 deles de pura esperteza, aproveitando a bobeira do goleiro. Em 1994, ele não deixou o ritmo baixar, anotando 22 gols no campeonato mineiro. Ao todo, em sua época no Cruzeiro somando jogos oficiais e amistosos foram 58 jogos e 56 gols marcados, uma média simplesmente bizarra para um adolescente no profissional.
Se antes o Cruzeiro não aceitou 500 mil euros da Inter por ele, agora os clubes ofereceram muito mais e era impossível segurar. Dentre os interessados, a dupla holandesa Ajax e PSV Eindhoven mantinham o olho firme no jovem Fenômeno, mas os olheiros Piet de Visser e Frank Arnesen, ambos a serviço do PSV, agiram rápido e assim o clube de Eindhoven fechou um acordo de 6 milhões de dólares para contratar Ronaldo Nazário. Mas antes de ir para a Holanda, Ronaldo começou a dar seus primeiros passos com a Amarelinha.
Em março de 1994, ele recebeu sua primeira convocação para a seleção principal, bem pouco antes da Copa do Mundo. Pouco tempo depois foi convocado novamente, e dessa vez anotou o seu primeiro gol pelo Brasil, em partida contra a Islândia.
Ronaldo encantava a comissão técnica de Carlos Alberto Parreira e assim ele decidiu: aquele menino, que era o futuro do futebol brasileiro, iria já para a sua primeira Copa do Mundo, a dos Estados Unidos em 1994. Por ser muito jovem o Ronaldo não jogou, e apenas testemunhou a conquista do tetra do banco, algo que certamente serviu de enorme aprendizado para ele e o ajudou no decorrer de sua carreira. Foi também aqui que Ronaldo ganhou o apelido que o acompanharia por muitos anos: Ronaldinho. Isso porque na seleção havia um zagueiro chamado Ronaldão, então para diferenciar passaram a chamar o jovem franzino e dentuço pelo diminutivo.
Depois do Mundial de 94, era hora de iniciar uma nova etapa em sua carreira, a que culminaria no topo do mundo. A caminho do PSV Eindhoven, Ronaldo chegava na Europa para se transformar rapidamente em um dos melhores jogadores do Brasil e em um dos melhores jogadores do mundo.
O Melhor do Mundo
Ronaldo chegava ao PSV pouco tempo depois da Era Romário do clube holandês. Durante seus áureos anos em Eindhoven, o baixinho se tornou o melhor jogador da história do clube e os liderou com uma chuva de gols a várias conquistas. Claro, ninguém ousava pensar que o jovem que vinha do Cruzeiro fosse ser algo naquele nível, mas a verdade é que era impossível não se empolgar com ele depois dos seus dois primeiros jogos.
Ronaldo levou apenas 9 minutos pra marcar seu primeiro gol pelo PSV, na rodada 1 da Eredivisie 1994/95. No jogo seguinte foi ainda melhor, anotando um doblete. E a terceira partida, como foi? Se na primeira ele marcou um e na segunda marcou dois, a terceira só poderia fazer 3 gols. E assim fez. O PSV foi derrotado na Copa da UEFA pelo Bayer Leverkusen, por 5×4, em jogo que Ronaldo fez um hat-trick. Como não se empolgar?
Ronaldo justificava o investimento e ainda ia além. Esse início meteórico justificava o quão abismado ficou o assistente técnico do PSV, Ernie Brandts, quando viu Ronaldo jogar pela primeira vez, isso ainda um ano antes dele de fato ser comprado pelo clube holandês.
Mas não era impossível, não para um gênio da bola. Na temporada 1994/95, o PSV não chegou nem perto de vencer a Eredivisie, ficou 14 pontos atrás do campeão Ajax. Mas não por falta de desempenho do Ronaldo, pois o garoto em sua primeira temporada na Europa foi artilheiro do campeonato holandês com 30 gols, 12 a mais que o vice-artilheiro.
Ronaldo não viria a vencer a Eredivisie no PSV, pois competia com um time histórico do Ajax. Mas na temporada seguinte, em 1995/96, ele conquistou sua primeira taça na Europa, ganhando a Copa da Holanda. Na Eredivisie, seu desempenho acabou caindo bastante, e ele não chegou perto de fazer os 30 gols do primeiro ano, mas não por culpa do seu jogo. Foi nessa época que Ronaldo já começou a sofrer com um problema que o assombraria na carreira toda: os joelhos.
O jovem teve tendinite nos dois joelhos, precisou passar por cirurgia e perdeu boa parte da temporada. Temporada esta que seria sua última na Holanda, pois mesmo com problemas físicos o desempenho geral do craque brasileiro chamava a atenção de clubes maiores. Afinal, com a camisa do PSV foram 57 jogos disputados e 54 gols marcados, uma média brutal, ainda mais pra um garoto.
Ao fim da temporada 95/96, Ronaldo atendeu o chamado da seleção olímpica brasileira e foi em busca da então inédita Medalha de Ouro. Em Atlanta, Ronaldo se juntou a alguns caras com quem ele faria muita história ainda no futuro, como Roberto Carlos e Rivaldo. O time brasileiro tinha uma geração fantástica, com vários jovens excelentes e alguns grandes veteranos. Mas apesar de tudo o ouro não veio, sendo eliminados pela Nigéria na semifinal e depois conseguindo apenas o bronze.
Só que mesmo com a derrota, Ronaldinho meteu 5 gols na competição e voltava para a Europa como um dos melhores jogadores do mundo e um dos jovens mais desejados pelas potências europeias. Era certo que o PSV não iria conseguir segurá-lo e o clube que conseguiu tirar Ronaldinho de lá é conhecido historicamente por gostar de ter craques brasileiros: o Barcelona.
O craque no Barça
Aos 19 anos, Ronaldo encantava os olhos de Sir Bobby Robson, na época técnico do clube blaugrana. O treinador inglês queria o atacante brasileiro a qualquer custo, pois o via como um jogador fora de série. Anos depois, ele chegou a falar sobre como ficou obcecado por Ronaldinho:
“Ele ainda tinha 19 anos mas eu disse aos diretores do Barcelona que deveríamos comprá-lo, que ele seria não só um tremendo jogador, mas um atleta com potencial.“
A negociação com o PSV não era fácil, e o então vice-presidente do Barcelona, Joan Gaspart, precisou aderir a um plano de malandragem para fechar o negócio, como ele mesmo contou:
“Eu até tive que me disfarçar de garçom para conseguir fechar o acordo com ele. Eles ligaram para a CBF tentando parar a transação de Ronaldo com o Barça. Havia dois seguranças que tentaram impedir uma aproximação com Ronaldo ou qualquer outro jogador.
Então encontrei um garçom espanhol no hotel e ele me emprestou suas roupas, me deu uma bandeja e uma Coca-Cola. Coloquei o disfarce, cumprimentei os seguranças e disse a eles que havia um pedido de refrigerante para o quarto, justamente onde estava Ronaldo. Bati na porta e ele abriu.
O contrato foi assinado lá, na cama do quarto”.
Foi assim que o Barcelona conseguiu assegurar a grande joia do futebol mundial. Em 1996/97, Ronaldo jogaria no Camp Nou, numa transferência recorde de 20 milhões de dólares. Ronaldo, próximo aos seus 20 anos de idade, já ia para o terceiro clube, e seria ali onde ele explodiria de uma vez por todas.
Ronaldo saltou de um jovem super promissor para um monstro completo. Seus dribles, arrancadas e finalizações faziam com que ele parecesse um adulto jogando contra várias crianças. Um exemplo perfeito disso foi um dos muitos gols que ele fez naquela temporada que se tornou lendário.
Em partida contra o Compostela, Ronaldinho recebe muito longe do gol, arranca e sai driblando todo o time adversário, enquanto é puxado pela camisa algumas vezes. Ele não só não caiu, como foi até a área e botou a bola na rede. Esse gol, feito ainda na primeira metade da temporada, era prova mais do que suficiente de que Ronaldo Nazário era o melhor jogador de futebol do mundo.
No fim do ano, ele recebeu esse reconhecimento de forma oficial, sendo eleito pela FIFA como o melhor jogador do planeta. Menos de 3 anos depois de sair do Brasil, Ronaldo chegou ao topo do mundo dos jogadores, e o fez tendo apenas 20 anos de idade, o que o faz até hoje ser o jogador mais jovem de todos os tempos a vencer tal honraria.
Para os que se perguntam sobre a Bola de Ouro, Ronaldo não venceu naquele ano, perdendo para o alemão Matthias Sammer por apenas 1 ponto de diferença. Mas com Bola de Ouro ou não, todo mundo sabia que Ronaldo era o melhor jogador do mundo. E o restante de sua temporada com o Barcelona provou isso.
Em La Liga, Ronaldo foi arrasador: anotou 34 gols para ser o artilheiro isolado da competição e por muito pouco não deu o título ao Barça, perdendo por apenas 2 pontos de diferença pro Real Madrid.
Mas sua brilhante temporada, que teve 47 gols em 49 jogos, rendeu ao Barça alguns troféus, como a Recopa Europeia, a Copa do Rei e a Supercopa da Espanha. Foi a primeira temporada dos sonhos, Ronaldo havia destruído, vencido títulos e sido eleito o melhor do mundo. A decisão do Barcelona de renovar seu contrato para garantir a permanência do gênio estava mais do que tomada. Mas uma lamentável história de ganância colocou um ponto final na história de Ronaldo na Catalunha de forma precoce.
A temporada 1996/97 seria a primeira e última do craque brasileiro vestindo blaugrana.
IL FENOMENO
Em um certo dia, Ronaldo e seus dois agentes compareceram ao Barcelona para definir a renovação de contrato. Como cabeça do negócio estava Joan Gaspart, o mesmo responsável por assinar com o brasileiro se disfarçando de garçom. O contrato foi redigido ali mesmo, na frente deles, e estava indo tudo bem. Mas antes de assinar o papel, eles decidiram sair pra comer, e só depois concretizar o negócio. Algo que, segundo Gaspart, foi um erro fatal.
Ele conta que durante a reunião um dos agentes saiu para atender o telefone, e conversou com o presidente da Inter de Milão. Quando voltaram ao escritório do presidente a situação era outra, e eles insistiram em renegociar o contrato, tentando de propósito destruir as negociações.
E assim, conseguiram. A Inter oferecia muito mais dinheiro e isso fez com que os agentes de Ronaldo travassem o negócio, ainda que, segundo Gaspart, era evidente que o desejo do craque era ficar no Barcelona. Mas essa é uma história com duas versões, pois o próprio Ronaldo, muito tempo depois, chegou a falar sobre o caso.
Eu assinei a renovação do meu contrato no final da temporada e viajei com a seleção brasileira. Cinco dias depois, eles me ligaram para me dizer que não podiam renovar comigo. Nunca esteve nas minhas mãos. O clube não me valorizou como eu pensei que fariam. Eu queria ficar, mas não era minha decisão
Com isso, Ronaldo deu a entender que queria ficar, mas não recebeu o aumento salarial de acordo com seu desempenho. De qualquer forma, qualquer que seja a versão verdadeira, o fato final foi um só: a Inter de Milão tirou o melhor jogador do mundo do Barcelona. Por 32 milhões de dólares, valor recorde na época, Ronaldinho iria jogar na Serie A.
Em 25 de julho de 1997, com a camisa 10, Ronaldo foi apresentado na Inter, e ali ele viveria uma saga repleta de altos muito altos, baixos muito baixos, e também ganharia um apelido que o acompanharia em toda a sua vida. Ali, no Calcio, ele se tornaria O Fenômeno.
Na temporada 1997/98, Ronaldo não foi tão bem como no Barcelona, mas já era o bastante pra ser melhor que todos os outros. Foram 34 gols anotados em 47 jogos, sendo 25 na Serie A, onde por muito pouco ele não foi artilheiro. No meio disso tudo, ele mais uma vez recebeu o reconhecimento de melhor jogador do mundo e, desta vez, de forma absoluta, vencendo com uma margem brutal de pontos tanto na premiação da FIFA quanto na Bola de Ouro.
Mas para a Inter, a consagração da temporada viria na Copa da UEFA, atual Liga Europa, onde conseguiriam chegar a grande decisão para enfrentar uma rival local: a Lazio. Naquela final, disputada no Parque dos Príncipes, os laziale descobriram que enfrentar o Ronaldo inspirado era um pesadelo.
Ronaldo driblou, deu passe, meteu bola na trave, deu elástico e fez um golaço épico, onde ele deixa o goleirão Marchegiani destruído no chão. O homem estava simplesmente imparável naquela noite, e o resultado não poderia ser outro que não o título da Inter, que veio para coroar uma primeira temporada excepcional do craque. A adoração da torcida e da imprensa italiana fizeram surgir o apelido que melhor descreveu o que foi esse jogador. A Itália o batizou de IL FENOMENO. A partir de agora, e para sempre, mais do que Dadado, Ronaldinho ou R9, ele seria O Fenômeno.
A Convulsão
Ao fim da temporada 1997/98, consagrado e consolidado como o melhor jogador do mundo, Ronaldo voltaria ao palco máximo do futebol, mas desta vez com uma nova aura. A Copa do Mundo de 1998, disputada na França, seria onde o Fenômeno disputaria, de fato, seu primeiro Mundial, uma vez que em 94 ele apenas assistiu do banco a conquista do tetra. Mas agora, como protagonista, a coisa era muito diferente e ele mostrou em campo que estava mais do que pronto para liderar o Brasil na geração pós-Romário.
Seu primeiro gol em Copas foi naquela fase de grupos de 98, em partida contra Marrocos na segunda rodada. Ronaldinho recebe grande passe, deixa a bola quicar e fuzila pro gol com categoria. Depois, ele voltou a balançar as redes nas oitavas de final, contra o Chile, anotando dois gols. Um deles batendo pênalti e o outro recebendo na direita e tirando do goleiro com toda facilidade do mundo.
O Fenômeno voltou a ser decisivo para ajudar o Brasil a chegar a grande final, anotando um dos gols do empate contra a Holanda na semifinal e também convertendo o seu na disputa de pênaltis.
Ronaldo iria novamente para uma final de Copa, mas desta vez não para assistir, e sim para jogar como o grande craque do time brasileiro.
A ascensão da carreira de Ronaldo era meteórica, tudo estava acontecendo muito rápido, e mesmo ainda tendo menos de 23 anos ele já era o melhor do mundo e fazia estrago em uma Copa. Parecia um sonho do qual ele certamente não queria acordar. Mas de forma muito súbita, esse sonho se tornou um pesadelo.
Durante a concentração da seleção brasileira, um dia antes da final contra a França, aconteceu o fato que abalou o Brasil: Ronaldo Fenômeno teve uma convulsão. Edmundo, que foi testemunha do ocorrido, revelou anos depois com detalhes o que ocorreu com R9 naquele dia, como ele perdeu a consciência e a decisão era de que o craque não jogaria a partida.
No fim das contas, Ronaldo jogou por decisão própria, por não ser nada grave e não querer ficar fora da decisão como ele mesmo chegou a falar posteiormente.
Mas bem ou não, o fato é que o susto abalou Ronaldo e a equipe como um todo. Naquele dia, o Brasil sofreu uma das maiores derrotas de sua história, perdendo uma decisão de Copa do Mundo pelo placar chocante de 3×0, em partida memorável do carrasco Zinedine Zidane, que fez 2 gols.
Sem dúvida alguma, essa foi a primeira grande decepção da carreira de Ronaldinho, e talvez até hoje sua derrota mais dolorosa por todo o contexto envolvido. Mas ele era muito jovem ainda, e tinha toda uma carreira brilhante pela frente. Ronaldo voltou pra Inter de Milão com ainda mais respeito depois de seu grande Mundial e, para a temporada 1998/99, recebeu uma grata surpresa: o seu amado número 9.
A Epopeia de Um Fenômeno
Ronaldo jogou sua primeira temporada com a Inter usando a camisa 10, uma vez que a 9 era do grande atacante chileno Zamorano. Mas a hierarquia da bola eventualmente o fez ceder a 9 para o Fenômeno, episódio que gerou a famosa história da camisa 1+8, pois Zamorano de forma alguma abriu mão de pelo menos ter alguma referência ao 9 em suas costas.
Ronaldo era adorado pela torcida, era o Fenômeno da Itália, era R9 e era o melhor jogador do mundo. Seu futuro era brilhante. Havia uma enorme empolgação do mundo inteiro de ver aonde aquele gênio iria chegar.
O que era tão especial sobre Ronaldo como camisa 9 é que ele era um jogador que ia muito além dos demais em sua “classe”. Ele não só era um homem de área letal na hora de finalizar, como tinha uma facilidade surreal para sair da área, driblar, armar o jogo e destruir linhas usando de um dos seus principais fatores: a explosão.
Ronaldo era um jogador de articulações muito flexíveis, que o permitia dar dribles quase que impossíveis de replicar para a maioria dos jogadores, e além disso era capaz de arrancar e atingir sua velocidade máxima num estalar de dedos.
Essa assombrosa explosão é um dos principais motivos da quantidade bizarra de gols que ele tem driblando goleiros, pois era tão rápido e tão genial em quebrar a última linha que facilmente conseguia sair sozinho na cara do gol.
Ronaldo não era apenas um gênio, como também nasceu com atributos físicos dignos de um atleta geracional. Ele era muito diferente. Mas talvez os deuses do futebol quiseram compensar tudo isso de alguma forma. Para a infelicidade de todos os amantes do jogo bonito, em pouco tempo ficou comprovado que aqueles problemas que Ronaldo teve nos joelhos ainda em sua época de PSV não eram apenas algo momentâneo.
Em 1998/99, Ronaldo jogou muito menos do que poderia, novamente sofrendo com tendinite em seus joelhos. Foram apenas 28 jogos na temporada, sendo só 19 na Serie A, o que certamente impactou na péssima campanha da Inter que ficou apenas em 8º lugar. Só que essa tendinite era apenas um indício do que estava por vir.
Na temporada 1999/00, Ronaldo sofreu um enorme baque em sua carreira. Foi no dia 21 de novembro de 1999, em partida contra o Lecce, que o Fenômeno sofreu sua primeira grande lesão no joelho, rompendo um dos tendões do direito.
Sua ascensão meteórica seria freada por problemas físicos, e após passar por uma cirurgia o melhor do mundo agora teria que superar vários meses de uma dura recuperação para conseguir voltar aos gramados. Retorno este que só aconteceria em 2000, mais precisamente em 12 de abril, justamente em uma final contra a Lazio, agora na Copa da Itália.
Foi contra esse mesmo clube que ele havia feito um grande jogo pela Inter na decisão da Copa da UEFA. Só que dessa vez foi o total oposto, porque esse foi sem dúvida um dos piores dias da vida do Fenômeno. Ele entrou no segundo tempo e mal estava esquentando quando tentou executar um drible e sofreu uma das lesões mais chocantes da história do futebol:
O Fenômeno rompeu o tendão patelar de seu joelho direito, que saiu completamente do lugar, e o fez desabar em prantos no chão. A lesão, para se ter uma ideia, é considerada extremamente rara por especialistas. Uma imagem que rodou e chocou o mundo.
Segundo Nilton Petroni, fisioterapeuta que cuidou do jogador em 2000, o joelho:
“Explodiu total. Estourou tudo no joelho na hora. É até difícil definir em palavras o que aconteceu ali no momento.”
A reação dos jogadores em campo, colocando as mãos na cabeça em choque, era compartilhada por todo mundo que assistia a partida naquele momento. Parecia um pesadelo. O grande gênio do futebol mundial, após passar meses se recuperando de uma cirurgia no joelho, havia sofrido uma lesão ainda pior após voltar aos gramados por apenas alguns minutos.
A imagem da lesão era tão assustadora que levantava a questão: e agora? Quando ele vai voltar a jogar? Ou pior, será que ele ainda vai voltar a jogar? Naquele dia, quem mais perdeu além de Ronaldo foi o próprio futebol.
Lá foi Ronaldo para mais uma dura cirurgia de reparação de seu joelho. O mais complicado, além de tudo, era o pós-operatório, que exigiria uma gigantesca determinação e aplicação de Ronaldo para superar o exaustivo processo de fisioterapia.
Processo este que durou mais de 1 ano: 15 meses, para ser mais preciso. Não era simples, não era fácil. Como foi vivenciar aquilo, o próprio Ronaldo contou, tempos depois.
“Para mim, a vida parecia começar e terminar no campo de futebol. Quando meu joelho foi destruído, eu senti que a minha vida tinha sido levada embora. Eu só pensava naquele sentimento que eu só podia encontrar no campo de futebol e com a bola aos meus pés”.
E foi com a Copa do Mundo de 2002 em sua mente que o Fenômeno trabalhou, persistiu e mostrou que seu apelido não era indigno. Mas foi nesse processo também que ele chegou a um fim melancólico de sua trajetória como nerazzurri.
Ronaldo voltou a jogar em 2001, mas durante aquele ano e também em quase toda a primeira metade de 2002 sofreu com diversos problemas musculares, algo natural para um atleta voltando de uma lesão tão séria.
Sua temporada 2001/02 pela Inter teve apenas 16 partidas, nas quais ele ainda conseguiu guardar 7 gols. Pra piorar, ainda participou de uma perda de campeonato italiano de forma traumática, quando a Inter foi derrotada pela Lazio na última rodada da Serie A, quando precisava vencer para ser campeã. Acabou ficando só em 3º lugar.
Ronaldo jogou aquela partida e saiu em lágrimas durante a segunda etapa. Ninguém sabia ainda, mas aquele seria o último jogo do Fenômeno pela Inter de Milão. Por lá, ele jogou 99 partidas, marcou 59 gols e venceu uma Copa da UEFA.
Pentacampeão
Sua grande vitória estava reservada para a amarelinha. Para voltar a jogar pelo Brasil, Ronaldo teve que esperar ainda mais tempo. Sob muitos questionamentos da imprensa, R9 recebeu a confiança de Felipão e voltou a jogar pela seleção brasileira em 27 de março de 2002, poucos meses antes da Copa do Mundo.
Na ocasião, entrou em campo num amistoso contra a Iugoslávia, em Fortaleza, sendo este seu primeiro jogo pelo Brasil desde 1999. Naquele jogo, ele atuou apenas na primeira etapa, mas já foi o suficiente para mostrar que sua vontade de ir à Copa era mais forte do que qualquer um poderia imaginar. E assim, ele foi. A Copa realizada no Japão e Coréia do Sul seria a hora da verdade na carreira de Ronaldo. Era o momento dele mostrar para todos uma coisa: ele ainda não tinha acabado.
A fase de grupos era o momento ideal para recuperar a confiança e provar que estava adequado fisicamente para o Mundial. E assim, ele o fez. O Brasil enfrentou Turquia, China e Costa Rica, Ronaldo foi titular em todos esses jogos e marcou gol em todos eles, incluindo um doblete contra os costarriquenhos. Foi nesses gols que ficou forte sua comemoração mais icônica, no gesto de erguer e balançar o dedo apontador direito. Comemoração repetida muitas e muitas vezes por quem teve o gênio da 9 como referência.
Ronaldo não deixou o ritmo cair e seguiu sendo fenomenal no mata-mata do Mundial. Nas oitavas de final, apareceu pra fechar o caixão dos belgas, batendo firme de perna esquerda.
R9 não balançaria as redes nas quartas contra a Inglaterra, mas esse seria seu único jogo em branco no torneio, um que ele deixou pra outro Ronaldo brilhar.
Antes da semifinal, Ronaldo tomou uma atitude bizarra para tirar o foco da imprensa de sua condição física: ele fez o famoso e hoje épico corte cascão. Visual que hoje em dia virou símbolo e marca registrada da consagração do Fenômeno naquela Copa do Mundo.
Com seu novo corte de cabelo, fez o gol da duríssima classificação contra a Turquia na semifinal, batendo de biquinho. Assim, mais uma vez, em sua terceira participação em Copa do Mundo, Ronaldo iria para a grande final do torneio.
Só que agora de forma muito mais emblemática do que nas outras. Porque em uma ele era um garoto, sequer entrou em campo. Em outra tinha o mundo em seus pés, vivia um sonho que se tornou pesadelo. Mas agora, a carga emocional era diferente.
Ronaldo havia superado todos os prognósticos, todas as expectativas, todas as dúvidas. Ele havia superado lesões terríveis, meses infindáveis de fisioterapia e o medo de não conseguir voltar a jogar.
Ronaldo reinventou o significado de dar a volta por cima, e a coroação disso tudo viria naquele jogo, naquela final, contra a Alemanha.
No Estádio Internacional de Yokohama, no Japão, em 30 de junho de 2002, Ronaldo marcou duas vezes, deu o pentacampeonato mundial para a seleção brasileira e entrou de vez para a história do futebol, escrevendo uma das mais belas jornadas que este esporte centenário já viu.
Para os que duvidavam de que ele poderia jogar, sobrou vê-lo marcar 8 gols na Copa, incluindo 2 na final e erguer o caneco. Não há melhor frase para descrever essa saga do que a do escritor Luis Fernando Verissimo, que assim disse:
“Ronaldo imitou a trajetória clássica do herói mitológico que desce ao inferno e volta para refazer a história. É o primeiro mortal real a retornar no tempo para corrigir a própria biografia”.
Os Capítulos Finais na Europa
Ronaldo voltou para a Inter com um status completamente diferente de quando havia ido pra Seleção, mas apesar de ter passado os últimos anos praticamente apenas se recuperando de lesão, ele decidiu que não queria mais jogar na Itália, nem para tentar reescrever sua história por lá.
Seja por problemas pessoais com o técnico Héctor Cúper ou pela questão financeira, o resultado foi que o Fenômeno forçou uma transferência e colocou um ponto final em sua história nerazzurri.
O que dizem é que seu desejo era retornar para o Barcelona, clube do qual jamais quis ter saído, mas o mau estado financeiro do clube catalão os impossibilitou de realizar tal movimento no mercado de transferências.
De olho no caso, o Real Madrid, na época montando o famoso esquadrão dos “Galácticos”, não desperdiçou a chance e trouxe para si o maior jogador do mundo, pagando 45 milhões de euros a Inter pelo astro.
Poucos meses depois, como reconhecimento por sua saga épica na Copa do Mundo, o planeta bola mais uma vez se rendeu a Ronaldo, e o gênio de novo foi eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA e também ganhou a Bola de Ouro da France Football.
Assim, Ronaldo seguiu com muita empolgação sua história como merengue, mas no geral, apesar de ter tido grandes momentos, a verdade é que o contexto como um todo impediu que essa passagem do Fenômeno por lá fosse mais bem-sucedida.
Ronaldo chegou a ser artilheiro de uma edição da La Liga, em 2003/04, e anotou 104 gols em 177 jogos pelo Real Madrid. Venceu duas vezes a La Liga, uma Supercopa da Espanha e também um Mundial de Clubes. Mas o grande objetivo não veio: a Champions League.
Se for para citar uma marca negativa na carreira de Ronaldo, foi sua fraca história na principal competição de clubes da Europa. No Real Madrid teve vislumbres de mudar isso, especialmente por conta de uma noite específica, quando o Fenômeno destruiu o Manchester United em Old Trafford e foi aplaudido de pé pela torcida rival. Sem dúvida, sua maior noite na competição.
Mas a verdade é que, em sua época, o Real teve grandes craques mas passou longe de ter times realmente sólidos e que pudessem vencer a Champions, e o Fenômeno ficou sem essa taça em seu currículo.
Apesar de tudo ele ainda colecionou inúmeros lances e gols mágicos, deixando boas memórias para o torcedor merengue. Somando suas passagens pelo Barcelona e pelo Real Madrid, é até hoje o maior artilheiro brasileiro da história do campeonato espanhol com 117 gols.
Vivendo os meses finais de sua era no Real Madrid e sofrendo com problemas de controle de peso, Ronaldo foi disputar mais uma Copa do Mundo, no Mundial de 2006, na Alemanha. Copa essa que é considerada um enorme fiasco do Brasil, pois apesar do grupo super estrelado o que se viu em campo foi vários jogadores desinteressados e mal preparados.
O grande momento brasileiro do torneio foi protagonizado pelo próprio Fenômeno, pois com os 3 gols que ele marcou – 2 contra Japão e 1 contra Gana – se tornou o maior artilheiro da história das Copas com 15 gols, recorde que ele não possui mais hoje em dia. Seu derradeiro jogo na história das Copas foi a precoce eliminação nas quartas de final, contra a França.
O retorno para o Real Madrid, na temporada 2006/07, culminaria em um fim de ciclo ainda na metade da temporada. Ronaldo passou a ser ainda mais questionado por uma suposta falta de comprometimento e por estar acima do peso, e assim eventualmente a situação ficou insustentável.
No mercado de inverno, em janeiro, O Fenômeno negociou com dinheiro do seu próprio bolso uma rescisão contratual com o Real Madrid. Livre no mercado, ele já tinha um novo destino: o rival do seu antigo clube na Itália, o Milan.
Ao sair, agradeceu a todos nos merengues, exceto ao seu treinador: Fabio Capello.
Em busca de retomar o bom nível, Ronaldo voltava pro futebol italiano com empolgação. Jogou 14 partidas e fez 7 jogos nos meses restantes da temporada 2006/07, e viu de longe o Milan vencer a Champions League, sem poder participar por regras da época por ter chegado no meio da competição.
Na temporada seguinte, veio o baque que colocou um fim em sua carreira na Europa: de novo, o joelho o derrubava em solo italiano. Em partida contra o Livorno, rompeu os ligamentos do joelho, passou por nova cirurgia, e ficou fora de ação pelo resto da temporada 2007/08.
Ao fim dela, e tendo feito apenas 20 jogos pelo clube, seu contrato com o Milan acabou e o clube decidiu não renovar. Ronaldo agora estava com problemas físicos e de peso, vindo de uma nova recuperação de lesão ligamentar no joelho e sem clube. Parecia o fim.
Fenômeno para a Eternidade
Em 2008, Ronaldo voltou para o Brasil para seguir tratamento de sua lesão no joelho sofrida no Milan. Na ocasião, teve as portas do Flamengo abertas para treinar a vontade, e assim viu crescer uma expectativa quanto a possibilidade dele atuar no clube carioca, uma vez que já era de conhecimento o fato de ser o seu clube de infância. Mas no fim, não aconteceu. Muitos anos depois, o próprio Ronaldo esclareceu o caso.
“Para mim, foi a mesma decepção que para a torcida do Flamengo. Eu tinha certeza absoluta que a diretoria uma hora ia me propor alguma coisa. Mas não fizeram nada”.
Mas se o Flamengo deu bobeira, o Corinthians não cometeu o mesmo erro. Segundo Ronaldo, o presidente do clube alvinegro na época foi bem direto quanto ao desejo de assinar com ele, e assim no dia 9 de dezembro de 2008, Ronaldo foi apresentado oficialmente como jogador do Corinthians, onde viveria a etapa final de sua carreira como jogador de futebol.
Era um Ronaldo com problemas, mas ainda era Ronaldo. Era uma estrela e um jogador que sabíamos que se jogasse ¼ do que jogou no seu auge, ainda assim seria brilhante. E assim foi.
Foi só em 4 de março de 2009 que Ronaldo voltou aos gramados, em partida contra o Itumbiara pela Copa do Brasil. O primeiro gol pelo Corinthians seria depois, num clássico contra o Palmeiras, em que ele sai do banco pra marcar de cabeça aos 47 do segundo tempo.
Apesar de estar longe da sua melhor forma física e do seu auge técnico, Ronaldo jogando no Brasil era um verdadeiro evento. O Fenômeno ainda era capaz de lances de brilhantismo, de fazer os defensores rivais parecerem crianças, e de marcar gols como o gênio que era.
Como exemplo, é impossível não citar o que ele fez na final do campeonato paulista de 2009, quando em plena Vila Belmiro marcou um gol digno de Pelé, dando um corte de letra no marcador e encobrindo o goleiro de fora da área com o que em teoria era seu pé mais fraco.
Depois de conquistar o campeonato estadual, seguiu sendo destaque do time paulista e foi decisivo na conquista daquele que foi seu último título no futebol: a Copa do Brasil de 2009. Ronaldo fez 2 gols nas oitavas de final contra o Athletico Paranaense e fez 1 gol na final do torneio contra o Internacional.
No ano seguinte, em 2010, o Corinthians não viveu uma boa temporada mas assegurou vaga na Libertadores de 2011. Foi nessa competição que a carreira de Ronaldo chegou ao fim, pois após ser eliminado ainda na fase de play-offs, contra o Tolima, o Fenômeno decidiu parar.
Em 14 de fevereiro de 2011, Ronaldo anunciou sua aposentadoria do futebol aos 34 anos de idade. Citou as dores que sentia e o hipotiroidismo como motivos para parar.
Ele jogou 69 partidas e fez 35 gols pelo Corinthians, tendo conquistado um campeonato paulista e uma Copa do Brasil. No Parque São Jorge, é considerado ídolo e lembrado com carinho pela Fiel até os dias de hoje.
Meses depois, ocorreu o que não poderia faltar: a despedida da Seleção Brasileira. Afinal Ronaldo foi um dos maiores jogadores da história do Brasil, marcou 62 gols em 98 jogos e conquistou todos os títulos possíveis com a amarelinha.
Em 7 de junho de 2011 um amistoso foi organizado para se despedir do Fenômeno, e o Brasil enfrentou e venceu a Romênia no Pacaembu. Ronaldo entrou, jogou e saiu aplaudido por todo o estádio. Ali, se despedia de uma vez por todas um dos maiores jogadores de todos os tempos e ídolo do Brasil.
Craque Eterno: Ronaldo Fênomeno
Ronaldo, o Fenômeno, disputou 616 partidas e marcou 414 gols. Em sua carreira profissional, atuou pelo Cruzeiro, PSV Eindhoven, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid, Milan e Corinthians. Defendeu as cores da Seleção Brasileira, onde marcou 62 gols.
Entre os prêmios individuais, venceu o prêmio de melhor jogador do mundo da FIFA em 1996, 1997 e 2002. Ganhou a Bola de Ouro em 1997 e 2002.
Ao todo venceu 18 títulos oficiais, incluindo duas Copas do Mundo, duas Copas América, uma Copa das Confederações, uma Copa da UEFA e duas Ligas.
Em seu pós-carreira se envolveu com diversas áreas de negócios: chegou a ser comentarista da TV Globo e depois virou proprietário de clubes, como o Real Valladolid, da Espanha, e do Cruzeiro, clube que o revelou.
Ronaldo encantou o Brasil, a Europa e o mundo com sua genialidade. Em 2020, a revista France Football, que dá a Bola de Ouro, escolheu o time dos sonhos de todos os tempos e Ronaldo ficou como titular, como o melhor 9 da história.
O que nos faz pensar: se ele chegou nesse patamar passando muitos anos da carreira com lesões gravíssimas e problemas com o peso, o que teria sido de Ronaldo se tivesse passado toda a sua vida com um físico inquebrável como o de Cristiano Ronaldo? Estaríamos comparando ele aos melhores jogadores de todos os tempos?
Ibrahimovic, que foi flagrado olhando pra Ronaldo como quem vê uma figura divina, disse que pra ele R9 é o melhor da história. Van Nistelrooy, que jogou com Ronaldo, disse que ele tinha a maior habilidade que ele já viu. Elogios como esse se acumulam e não são raros, vindo de alguns dos melhores que já pisaram em gramados neste planeta.
O patamar que ele estaria sem lesões nós nunca saberemos, mas a verdade é que a história de Ronaldo, escrita com cruéis linhas de sofrimento, se tornou símbolo de resiliência com sua emocionante história de superação.
Ele derrotou as lesões, venceu as dúvidas, e escalou até o topo do mundo, se tornando ídolo e referência de inúmeros craques do futebol atual e um expoente máximo do futebol brasileiro e do jogo bonito. Ao longo de toda a sua carreira, o termo que o melhor representou foi, sem dúvida alguma, “Fenômeno’” Mas nesse vídeo, finalizamos com um que também lhe serve perfeitamente: Eterno.