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Euro d’Or – Março/23

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Erling Haaland foi eleito por Euro Fut e convidados como o Melhor do Mundo no mês de Março! Um dos maiores pontuadores até aqui vence pela primeira vez o prêmio mensal.

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Euro d’Or – Fevereiro/23

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Marcus Rashford foi eleito por Euro Fut e convidados como o Melhor do Mundo no mês de Fevereiro, vencendo pela segunda vez seguida!

Todos os votos e votantes podem ser conferidos abaixo:

O caminho da Argentina para o TRI mundial!

Esse artigo foi escrito originalmente como roteiro para o vídeo acima do canal Euro Fut!

Hoje eu vou te contar de toda a trajetória da Argentina até o título da Copa do Mundo de 2022, contando tudo o que o Messi passou com a Argentina, as decepções que a seleção vivenciou e a chegada de Lionel Scaloni que mudou toda essa história: esse é O Caminho da Argentina para o Tri Mundial.

A jornada do herói

Foto: Koji Watanabe/Getty

Para começar a contar essa história da maneira como ela merece, temos que que começar com o surgimento do cara do título: Lionel Messi.

A nossa história começa em 2005, quando aconteceu a Copa do Mundo Sub-20. A Argentina sub-20 tinha alguns nomes interessantes e que viriam a figurar pela seleção no futuro, em especial dois caras: Sergio Agüero e seu melhor amigo, Lionel Messi, o capitão do time.

Essa campanha dava uma noção do que seria a carreira do Messi pela albiceleste: ele lidera a equipe como artilheiro do torneio com 6 gols marcados, incluindo gols decisivos nas Oitavas, nas Quartas, nas Semis contra o Brasil e dois gols de pênalti na final contra a Nigéria pra levantar a taça. 

E tem mais: em 2008 ele também representou a Argentina nas Olimpíadas, quando agora com Di María no time o roteiro se repete e novamente encaram o Brasil na semifinal e a Nigéria na final, com passe do Messi pro gol do Di María que garantiu a medalha de ouro.

Era só o começo, mas o tal do Lionel Messi parecia que combinava e muito com a camisa da Argentina. O problema é que essa história pode até parecer de cinema, mas não é nenhum conto de fadas.

Começo nas Copas

Foto: Clive Mason/Getty

Nos torneios juniores o Messi dominava, mas não dava pra dizer o mesmo na seleção principal. Se a história do Messi é a jornada do herói então ela precisa de um vilão, e por mais que o rival histórico da Argentina seja o Brasil, não tem ninguém melhor pra ser vilão da Argentina do que a Alemanha.

É um embate histórico: A Argentina foi campeã em 1986 em cima da Alemanha na final, e aí na final de 1990 já tem uma revanche, quando a Argentina do capitão Maradona perdeu para a Alemanha Ocidental por 1×0.

Depois disso, elas só foram se enfrentar de novo nas Copas em 2006, mas parece que os alemães pegaram o gostinho de serem o carrasco.

Essa Copa foi marcada pela estreia do Messi em Copas do Mundo, quando ele entra em um jogo contra Sérvia e Montenegro e dá uma assistência e marca um gol, mas ainda era reserva quando viu a Argentina derrotar o México nas oitavas e depois ser eliminada para a Alemanha nas quartas de final, em disputa de pênaltis.

Foto: Joern Pollex/Getty

Já em 2010 tudo isso mudou: de uma Copa pra outra o Messi foi de jovem promessa e reserva para titular absoluto e craque da equipe: no ano anterior ele havia ganhado a Champions com o Barcelona e a Bola de Ouro, sendo indiscutivelmente o melhor jogador do mundo naquele momento.

Ele é titular de um time comandado pelo Maradona e que tinha agora caras como Di María, Tevez e Higuaín, e o roteiro da Copa passada se repete: eles avançam e depois vencem o México nas oitavas, mas encaram mais uma vez a vilã Alemanha nas quartas. Agora com Messi a história foi diferente, mas não como eles esperavam: a Alemanha aplica uma goleada histórica, 4×0 fora o passeio, e o melhor do mundo vê a Argentina ser eliminada sem ele marcar um golzinho sequer nessa copa. E soma mais uma decepção com a camisa da seleção.

Messi não é argentino?

Foto: Javier Soriano/Getty

Essa época começou a gerar um debate sobre a “argentinidade” do Messi. E isso se deve a vários motivos: primeiro, ele nunca tinha jogado na Argentina. É verdade que ele fez a base no Newell’s Old Boys, mas saiu ainda muito cedo para ir pro Barcelona, onde terminou sua formação, se tornou profissional, brilhou para o mundo inteiro e jogou quase sua carreira toda. Quando pensamos em grandes craques ídolos de seus países, lembramos de Pelé que ganhou tudo que podia pelo Santos, Maradona que jogou um bom tempo no Argentinos Jr e no Boca Juniors, Cruyff no Ajax e por aí vai: o país inteiro pôde ver e reconhecer o talento desses craques em seus países, mas os argentinos não tem essa memória do Leo em solo argentino.

Outra coisa: por crescer na Espanha, existiu uma possibilidade real do Messi ter defendido a seleção do país. Inclusive em 2010 a Espanha é a campeã do mundo e muita gente reparou que “faltava” o Messi nessa equipe: afinal a base da seleção era o Barcelona, com Puyol, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta e Pedro, seus companheiros de clube e que com certeza iam fazer ele se sentir bastante em casa. 

Por tudo isso e muito mais, faltava “espírito argentino” pro Messi: pega o Maradona por exemplo. O maior ídolo da Argentina, um cara completamente aguerrido, que fazia de tudo para ganhar as partidas – inclusive meter a mão na bola – e também extremamente polêmico. O Messi sempre foi o oposto: não gostava de dar entrevistas, era mais quieto, e apesar da liderança técnica, nunca foi um líder nato dentro de campo, parecendo sumir em alguns momentos decisivos.

Então pega o ano seguinte: Copa América 2011, sediada justamente na Argentina, e a seleção é eliminada logo nas quartas, sem novamente o Messi marcar um golzinho sequer na competição. Faltava alguma coisa pro craque, e 2014 seria a prova de fogo.

Copa de 2014

Foto: Alex Grimm – FIFA/Getty

Chega a Copa de 2014 no Brasil, e agora o patamar do Messi era mais uma vez outro: se da última vez ele era o melhor do mundo, pra essa ele chegava com 4 bolas de ouro e com a fama de já ser um dos melhores de toda a história do futebol. Afinal ele já tinha ganhado tudo que podia, só faltava uma coisa: um título com a Argentina, e no no caso o maior deles: a Copa do Mundo. 

O time base naquela campanha era: Sergio Romero no gol, Zabaleta na lateral direita, dupla de zaga Garay e Federico Fernández, com Marcos Rojo na lateral esquerda. Mascherano era o volante, com Gago e Di María completando o meio-campo, além do Messi, ali como o 10 da equipe. No ataque, Aguero e Higuaín formavam o ataque dos sonhos, pelo menos na teoria.

Na fase de grupos, a Argentina vence a Bósnia e Herzegovina por 2×1 com direito a golaço do Messi, 1×0 no Irã com gol dele de novo, e pra fechar 3×2 contra a Nigéria que outra vez teve gol de Lionel, dessa vez doblete dele e um do Rojo.

Depois de fazer uma campanha perfeita e avançar em primeiro, a Argentina pegava a Suíça nas oitavas, e o favoritismo aparente acabou não se concretizando: o jogo fica empatado até a prorrogação, e é só no finalzinho dela que o Messi vem carregando e toca pro decisivo Di María bater cruzado e marcar o gol da vitória. 

Agora nas quartas contra a Bélgica eles vencem por 1×0, com gol do Higuaín logo no comecinho, mas o jogo trouxe também uma notícia ruim: o Di María se machuca e sai lesionado, ficando de fora do resto da Copa.  

Foto: VCG/Getty

Sem um de seus principais jogadores, a Argentina enfrenta a Holanda de Sneijder, van Persie e Robben nas semis, e o jogo fica no 0x0 até a prorrogação e vai pros pênaltis. É aí que brilha a estrela do goleiro Romero, que pega os pênaltis do Vlaar e do Sneijder pra classificar a Argentina para a grande final da Copa.

O problema é que a final era justamente contra a Alemanha, carrasca que eliminou a seleção nas duas últimas copas. E tem mais: eles vinham de uma vitória absurda por 7×1 nas semis, e eram os claros favoritos para o confronto.

Na final a chance da Argentina ter uma revanche era grande porque acabou tendo as melhores chances do jogo, as principal delas uma perdida pelo Higuaín que fez ele ganhar fama de perna de pau, levando o 0x0 para a prorrogação. Tudo indicava mais uma disputa de pênaltis, mas um cruzamento do Schürrle pro gol do Götze selou a vitória e o tetracampeonato alemão. Dessa vez o Messi chegou pertinho da taça, pôde até ver ela de perto, mas não conseguiu encostar nela.

Copas Américas

Foto: Gabriel Rossi/Getty

Mesmo com a frustração, a Argentina seguia forte tentando sair da seca de títulos, agora na Copa América 2015, no Chile.

O time tem algumas mudanças mas é em grande parte o mesmo, agora com Otamendi na zaga e Pastore no meio-campo. A Argentina avança com direito até à um 6×1 acachapante pra cima do Paraguai nas semis, e a final é justamente contra os donos da casa.

Pode parecer que a Argentina era muito favorita, mas a verdade é que o Chile vivia um dos melhores momentos da sua história, com caras como o Arturo Vidal, Alexis Sanchez e até o mago Valdívia, que conseguem empatar o jogo até as cobranças alternadas.  

Mas sabe aquela história do Higuaín virar tenebroso com a camisa da Argentina? Pois é, ele isola o seu pênalti, o goleiro Bravo pega o do Banega, e o Chile se sagra campeão da Copa América.

Foto: Hector Vivas/Getty

Mais uma decepção argentina, e mais uma de Messi. Mas nunca houve uma oportunidade tão rápida de revanche: isso porque a próxima Copa América foi logo no ano seguinte, a Copa América Centenário de 2016.

De qualquer maneira, a Argentina vai novamente avançando e avançando, e chega mais uma vez na final, mais uma contra o Chile: ou seja, oportunidade de revanche perfeita. O jogo fica no 0x0 de novo, e mais uma vez vai para a disputa de pênaltis.

Romero volta a brilhar e defende o primeiro de Vidal. Aí vai o Messi pra primeira cobrança, pra colocar a Argentina em vantagem… e ele isola completamente a bola. No final, Bravo defende a cobrança de Biglia, Francisco Silva marca e o Chile é campeão, com a Argentina amargando a sua terceira final seguida como vice-campeã. 

Foto: Tim Clayton/Getty

Lionel estava aos prantos, chorando como nunca. Não é nenhum exagero dizer que esse foi seu pior momento da carreira, quando ele inclusive chega a anunciar sua aposentadoria da seleção argentina.

No vestiário pensei que esse é o final para mim na seleção, não é para mim (…). Tentei muito ser campeão com a Argentina. Mas não aconteceu. Não consegui.

Lionel Messi

Copa de 2018

Foto: Giusepe Cacace/Getty

A gente já chamou essa história da jornada do herói do Messi, e na jornada há sempre um momento onde o herói recua, cogita largar mão da sua jornada, mas no final acaba voltando para tentar mais uma vez cumprir seu objetivo. No final das contas Leo voltou pra seleção, agora para a Copa de 2018 na Rússia.

Mas dentre essas últimas decepções, essa Copa foi a pior delas. O goleirão Sergio Romero estava machucado, e o Caballero foi o escolhido para ser seu substituto. O técnico era Jorge Sampaoli, que sempre polêmico acabou virando figura central dessa equipe, menos pela parte tática, e mais por estar claramente isolado e sem o respeito do resto do grupo.

O primeiro jogo foi contra a Islândia, mas o que prometia um passeio virou pesadelo: Messi perde um pênalti e a Argentina apenas empata em 1×1 com gol do Agüero. E talvez aí tenha começado a noção de que o Messi pode ser gênio, beleza, mas pênalti não é a praia dele, e sim seu calcanhar de Aquiles.

Foto: Giusepe Cacae/Getty

O próximo foi contra a Croácia, e a Argentina leva uma bordoada de 3×0, num jogo marcado por uma falha grotesca do Caballero e golaço do Modrić. A sorte é que a Argentina ainda pegou a Nigéria, seleção que eles adoravam derrotar, e com um 2×1 com gol fantástico do Messi e um milagroso do Rojo no final a albiceleste avança então para as oitavas. 

Só que por passar em segundo no grupo ela pegava a França, uma das favoritas do torneio, e não deu outra: eles fazem uma das maiores partidas dessa Copa, com direito a golaço do Di María, gol de Puskas do Pavard, e dois do Mbappé, e assim com um 4×3 histórico a França eliminava a Argentina. Menos mal que foi pra seleção que acabou sendo campeã,mas isso não apagava mais uma decepção para a Argentina, que parecia cada vez mais distante da taça.

A primeira taça

Foto: Chris Brunskill/Getty

Depois do fracasso com Sampaoli quem assumiu como técnico foi o jovem Lionel Scaloni, que era o auxiliar do treinador, e que foi escolhido muito porque ninguém mais queria pegar essa bucha que era a Argentina. Essa seria inclusive a primeira experiência do Scaloni como técnico, já que o ex-jogador havia apenas sido auxiliar na carreira.

A próxima disputa seria então a Copa América 2019, sediada no Brasil. O time teve mudanças, agora com entradas na equipe como as de De Paul, Lo Celso, Acuña e Lautaro Martinez, levando o time até a semifinal contra o Brasil.

Só que não foi dessa vez: o Brasil vence com gols de Gabriel Jesus e Roberto Firmino, indo eventualmente ser o campeão do torneio. E mais uma vez a Argentina ficava chupando o dedo.

Como essa competição é uma loucura, teve mais uma Copa América, agora em 2021, e que mais uma vez acabou sendo sediada no Brasil. E nessa competição, o Scaloni passava a achar mais o seu time: tinha Molina na lateral direita, e no gol entrava agora Emiliano Martínez, que tinha se destacado pelo Arsenal e acabou agarrando a titularidade argentina. 

Foto: Nelson Almeida

A semifinal contra a Colômbia foi uma das partidas mais marcantes da equipe: depois de um 1×1 com gols de Lautaro e um de Luis Díaz, a ideia de uma disputa de pênaltis criava umas lembranças desagradáveis para os argentinos, mas dessa vez eles tinham Dibu Martínez no gol, que adorava provocar e o mais importante: pegar pênaltis. Ele pega os chutes do Sánchez, Mina e Cardona, e classifica a Argentina para a final.

A final agora seria contra o Brasil, maior rival, que eliminou eles na edição passada e que jogava em casa, sendo claramente o favorito devido ao momento recente. Mas se o Brasil era sólido, a Argentina tinha um cara que adorava ser decisivo: De Paul acerta um baita lançamento, Renan Lodi tenta cortar mas falha, e a bola cai nos pés do Di María, que brilha mais uma vez, batendo de cavadinha – igual ele fez lá atrás nas Olimpíadas, lembra? – e marcando o único gol da partida que deu à Argentina a Copa América e ao Messi o seu primeiro título profissional com a Seleção. Para muitos podia ser “só uma Copa América”, mas para o Messi e para a seleção claramente significava muita coisa, e era nítido que um peso enorme foi tirado das costas. 

Agora, a missão era a Copa do Mundo. 

O drama na Copa de 2022

Time que começou a competição

Nas vésperas da Copa a Argentina chegava dessa vez como uma das favoritas ao título: isso porque a campanha de Scaloni era irretocável, e a seleção chegava pra Copa do Mundo de 2022 com 36 jogos de invencibilidade! O time tava organizado, não sabia o que era perder, e estava há mais uma vitória ou empate de bater o recorde máximo de jogos de seleções sem derrota. A primeira partida da Copa era contra a Arábia Saudita: a oportunidade perfeita de alcançar essa marca e deslanchar como o favorito.

O time que começou a Copa tinha Emiliano Martínez no gol, uma linha defensiva com Molina, Cristian Romero, Otamendi e Tagliafico; Paredes e De Paul de volantes, Di María e Papu Gómez mais à frente, e Messi e Lautaro Martínez no ataque.

Foto: China News Service

Começa o jogo e a Argentina é claramente superior, criando chances até que o De Paul é derrubado na área e pênalti pra Argentina! O Messi se prepara pra bater e o que será que estava passando na cabeça dele nesse momento? Não seria a primeira vez que ele perde um pênalti em Copas contra uma seleção mais fraca, mas ele corre para a cobrança e bate de paradinha, deslocando o goleiro e abrindo o 1×0. 

O resto do primeiro tempo é de amplo domínio da Argentina, que poderia ter feito uns 5×0, mas a Arábia implementou muito bem uma linha alta que conseguiu deixar os atacantes argentinos sempre impedidos.

No segundo tempo a previsão era de goleada, mas o Scaloni não conseguiu superar essa linha alta: muito pelo contrário, a Arábia Saudita começa empatando a partida com Al-Shehri. Se a gente tem que apontar defeitos nessa seleção argentina, a fragilidade defensiva da equipe logo após tomar um gol é sem dúvidas o maior deles: logo depois do empate, os sauditas atacam novamente e viram o jogo com golaço de Al-Dawsari, sacramentando uma das maiores zebras da Copa e a quebra da invencibilidade de 36 jogos.

Essa derrota abalou o futebol e especialmente os argentinos. Toda a confiança recente foi simplesmente jogada fora, e quem torcia contra já começava a calcular todas as possibilidades da Argentina ser eliminada na Copa já no jogo seguinte, contra o México.

Uma nova Seleção

Foto: Dan Mullan

É já nesse jogo que o Scaloni resolve mudar: entram Lisandro Martínez, Montiel, Acuña, Guido Rodriguez e Mac Allister no time titular, que contra o México parecia claramente afetado pela derrota anterior, sem conseguir fazer muita coisa mesmo com as alterações.

É no segundo tempo que o treinador faz uma mexida que mudou o que foi a Argentina nessa Copa: entraram os jovens Enzo Fernández e Julián Álvarez, que daquele momento em diante não saíram mais da equipe. Pouco tempo depois o Messi marca um golaço, que não só abriu o placar mas deu também um alívio enorme para a equipe inteira, que ainda marcou mais um com o Enzo.

Agora contra a Polônia a situação ainda era complicada, e uma vitória polonesa poderia eliminar os argentinos. Mas essa era uma outra Argentina, que voltou a ganhar confiança e amassava a Polônia, até ter com um pênalti bem polêmico a chance de abrir o marcador.

O Messi se prepara pra bater e exorcizar de vez os seus demônios, para deixar pra trás essa história de pipocar, de perder pênaltis decisivos. Ele corre e dessa vez chuta ela bem forte, mas o goleiro Szczesny defende!! Mais uma vez os pênaltis perdidos assombravam o gênio, e mais uma vez a classificação corria perigo.

Só que dessa vez, a equipe de Scaloni deu mais uma demonstração, assim como na Copa América, de que não dependia só do Messi: no segundo tempo abre o placar com gol do Mac Allister, e depois a dupla Enzo Fernández e Julián Álvarez funciona muito bem, com passe do Enzo pro gol do Álvarez pra fechar a conta: 2×0 e a classificação para as oitavas.

O time era outro e a confiança estava de volta. Mas um problema antigo voltou: Di María, que não foi 100% para a competição, saiu de campo machucado e virou dúvida para o resto do torneio.

O mata-mata

Foto: VGC/Getty

Contra a Austrália o time se manteve o mesmo – agora com Papu Gómez no lugar do Di María – e a Argentina abre o placar com golaço do Messi e amplia com Julián Álvarez depois de uma falha grotesca do goleirão Maty Ryan.

Mas o time não era perfeito e outros problemas davam as caras: Lautaro Martínez continua a Copa tenebrosa e perde um gol feito, e a Austrália conseguiu diminuir com gol contra do Enzo. Aquela fragilidade da Argentina voltou a aparecer, e no último minuto do jogo a Austrália tem a chance de empatar com Garang Kuol, e só não o faz porque brilha a estrela de Dibu Martínez: quietinho até aqui, mas que faz uma defesa milagrosa para classificar a Argentina para as quartas contra os holandeses.

Ainda sem Di María, o Scaloni faz a primeira grande mudança tática da equipe, espelhando o esquema da Holanda com três zagueiros: Romero, Lisandro e Otamendi, com Molina e Acuña de alas, e o resto do time mais ou menos o mesmo. 

A aposta dá certo: na dificuldade de atacar, o Messi descola um passe absolutamente genial para o Molina abrir o placar. Depois o Acuña é derrubado dentro da área e mais um pênalti para a Argentina. E agora, Messi? Mas o craque volta a bater com a paradinha e garante o 2×0 pros argentinos.

Acontece que o técnico holandês, Louis van Gaal, também implementou a sua estratégia, colocando o grandão Weghorst na área e tentando na bola aérea, e assim ele desconta o placar. Como a gente já sabe a Argentina fica frágil depois de tomar um gol, e no último minuto do jogo a Holanda tem uma falta na entrada da área. Mais uma genialidade, Koopmeiners engana os argentinos e passa pro Weghorst guardar mais um e empatar a partida, que foi então para a prorrogação e eventualmente pros pênaltis.

Poderia ser um pesadelo, mas agora essa Argentina não tinha mais medo das penalidades, muito por causa do seu goleiro: Dibu Martínez pega a cobrança do van Dijk, Messi converte o seu – de novo com a paradinha – e o Martínez pega mais um na batida do Berghuis. O pênalti decisivo fica a cargo de Lautaro, muito criticado até então, mas que converte e classifica a Argentina para a semifinal. 

Foto: VCG/Getty

E lembra daquele problema que alguns argentinos tinham com o jeito mais quietinho do Messi, bem diferente do Maradona? Essa partida sem dúvida resolveu essa questão: além de fazer uma comemoração provocativa, o Messi na coletiva ainda tava com raiva do Weghorst, que foi cumprimentar ele e recebeu um “Que miras, bobo?”, mostrando uma faceta muito diferente do Lionel, mas uma que a torcida adorou.

Nas semis o desafio seria contra a Croácia, e se engana quem achava que seria um jogo fácil, já que os croatas vinham de uma vitória justamente sobre o Brasil, nos pênaltis. Para essa partida, mais um golpe de gênio de Scaloni: o ponto forte da Croácia era seu tridente de meio-campo, com Modrić, Kovačić e Brozović.

Assim, Scaloni trocou mais uma vez seu time: ainda sem Di María, ele resolve ir com Enzo, Paredes, Mac Allister e de Paul, quatro meio-campistas que, com a superioridade numérica, conseguem anular o meio da Croácia.

Por conta disso o jogo ficava a cargo dos atacantes, e um tal de Julián Álvarez tava pra jogo: ele chega na área e é derrubado pelo Livakovic, gerando mais um pênalti para a Argentina! E mais uma vez, o Messi converte. Aí o Álvarez vai carregando a bola até o gol, contando com uma zaga meio atrapalhada, e marca um golaço pra ampliar.

Com 2×0 não dá pra brincar, e é aí que mais uma vez surge o talento absurdo do Messi, que tira o Gvardiol pra dançar e só toca pro Julián fazer mais um e garantir o 3×0, colocando a Argentina na final da Copa do Mundo.

A Argentina tricampeã mundial

Se a gente pudesse escolher, uma final contra a Alemanha seria o fechamento perfeito pra essa história. Mas por mais que às vezes pareça, a vida não tem um roteiro, e o adversário na final seria a França, repetindo o confronto da última Copa do Mundo mas sem o mesmo apelo narrativo.

E o jogo teve mais uma vez o Scaloni mudando a equipe: ele volta com o trio de meio-campo, agora com Di María de volta ao time, só que dessa vez jogando pela ponta-esquerda! 

Parecia arriscado: ele estava voltando de lesão e não joga na esquerda há um tempo, mas valeu e muito a pena: Depois de um domínio argentino absoluto da partida, o Di María dribla pela esquerda, invade a área, é derrubado pelo Dembélé e é mais um, o quinto, pênalti para a Argentina! O Messi volta com a paradinha e marca o 1×0. 

Depois um contra-ataque de manual: a bola passa por Messi, Alvárez, e aí Mac Allister toca pro Di María, livre pela esquerda, decisivo como sempre, só mandar pra dentro do gol. 2×0 e um resultado que parecia destinado. Lembra daquela final de Olimpíadas em 2008? O Di María marca justamente em contra-ataque jogando pelo lado esquerdo. Nisso ele eventualmente vira meia e depois joga grande parte da carreira como ponta-direita, só pra 14 anos depois ser escalado mais uma vez pela esquerda e marcar esse gol na final da Copa do Mundo.

A Argentina dominava mas não conseguia marcar mais gols, com o próprio Di María saindo do jogo, cansado. E por mais que parecesse, ela foi então lembrada de que isso não era nenhum conto de fadas: já no finalzinho da partida, Kolo Muani é derrubado e é pênalti pra França. O até então sumido Kylian Mbappé se prepara, bate bem e desconta. 

E se essa é a jornada do herói Messi, ela poderia muito bem ser também de outro craque: logo depois a França ataca de novo, Mbappé recebe na entrada da área e manda um chutaço, marcando um gol absurdo para empatar a partida. Mais uma vez a Argentina mostrava sua fragilidade depois de tomar um gol, e mais uma vez o jogo ia para a prorrogação.

O momento era todo da França, mas se enganava quem pensava que a Argentina ia só se defender: Lautaro volta a perder gols, mas na terceira chance o rebote cai justamente na perna direita de Messi, que coloca pra dentro e volta a garantir a Argentina campeã do mundo.

Faltava avisar para o Mbappé: no abafa, um chute do craque bate no braço do Montiel, e é mais um pênalti pra França. O Mbappé converte, marcando seu terceiro e deixando claro que não ia deixar barato.

Foto: David Ramos

Antes de acabar, a França tem a chance de vencer o jogo, quando Kolo Muani sai de frente para o gol de Emi Martínez. Com uma decisão diferente ele poderia ter dado uma cavadinha, batido colocado, ou driblado o goleiro e tocado pro gol vazio, e hoje a história seria outra. Mas ele chuta muito forte, e o Martinez faz uma das maiores defesas da história do futebol, impedindo o gol e levando para a disputa de pênaltis.

Parecia destinado que uma carreira inteira com problema nos pênaltis, numa campanha cheia deles, terminasse justamente nas penalidades. Mbappé converte o primeiro e o seu então companheiro de Paris Saint-Germain, Messi, se prepara para a cobrança. Ele mais uma vez cobra esperando o goleiro, e converte então o pênalti mais importante de toda a sua carreira.

E de novo parecia o destino: na final da Copa do Mundo sub-20, Messi marcou dois de pênalti antes de se sagrar campeão. 17 anos depois, fazia a mesma coisa.

Coman se prepara pra bater, e brilha a outra estrela dessa campanha: Martínez pega o pênalti e deixa a Argentina na frente. Dybala converte o seu, e agora Tchouaméni se via contra um Dibu Martínez que provocava e pegava bem, tinha que tirar bem a bola para conseguir marcar. E ele tira até demais, mandando pra fora e perdendo sua cobrança.

Paredes marca a sua, Kolo Muani também, e a decisiva estava nos pés de Montiel. Ele que cometeu o pênalti que empatou o jogo, agora podia se redimir e garantir o título. Goleiro pra um lado, bola pro outro, e a Argentina se sagra tricampeã mundial. Depois de tentar, tentar e se decepcionar diversas vezes, Lionel Messi, o herói da conquista, vencia enfim o único título que faltava em sua estante: a Copa do Mundo. Sorte da Copa.

Foto: Simon M Bruty/Getty

Times Imortais: Nottingham Forest de Brian Clough

Esse artigo foi escrito originalmente como roteiro para o vídeo acima do canal Euro Fut.

A história de hoje é uma das mais incríveis e improváveis do futebol, quando um clube pequeno da Inglaterra se junta a um técnico extremamente carismático e, juntos, vencem a Champions League duas vezes seguidas. Esse é o Times Imortais: o Nottingham Forest de Brian Clough.

O polêmico e carismático Brian Clough

Foto: PA Images/Getty, Mirrorpix/Getty

Se a gente vai falar do Nottingham Forest, tem que começar com o cara responsável por levar o clube aos olhos do mundo inteiro: Brian Clough.

Antes de ser técnico o Clough foi jogador, e diferente de vários outros ele era realmente bom de bola: a maior parte da sua carreira foi no Middlesbrough, time de sua cidade natal, onde jogou por 6 anos e marcou incríveis 204 gols em 222 partidas! São números impressionantes, com ele sendo até hoje um dos maiores artilheiros do clube, só que aos apenas 27 anos de idade ele acaba tendo uma lesão que o faz pendurar as chuteiras, e assim pouco tempo depois começa a sua carreira como técnico.

Depois de começar no Hartlepool United, é no Derby County que ele se consolida como um grande treinador, tirando o Derby da segunda divisão e levando o clube a vencer o Campeonato Inglês pela primeira vez na história – na temporada 71/72 – já dando indícios do tipo de milagre que ele conseguia fazer. 

Nem tudo eram flores, e essa passagem já deu um gostinho do Clough mais polêmico, com diversos comentários maldosos – como quando chamou um goleiro de “palhaço com luvas” – histórias envolvendo a demissão de funcionários do clube por estarem dando risada depois de uma derrota, e em brigas com a diretoria do clube, culminando na sua saída em 1973. 

Ele tava bem famoso nessa época, e era tão conhecido por ser marrento que até “tomou uma dura” de um dos maiores atletas de todos os tempos: o boxeador Muhammad Ali enviou um vídeo falando algo do tipo “tão dizendo que você fala muito, fica na sua aí”, no que o Clough respondeu que não ia parar e que queria até lutar com ele!

Apesar disso as coisas não tavam dando muito certo: ele foi para o Brighton, que jogava a terceira divisão, onde ficou apenas 9 meses e acabou saindo de novo, dessa vez para o Leeds, no que parecia que tinha caído para cima, afinal foi da terceirona para um time que havia acabado de vencer o Campeonato Inglês.

Mas foi um completo desastre: sua passagem no Leeds durou apenas 44 dias, tão ruins e polêmicos que virou até um filme: “The Damned United”, ou Maldito Futebol Clube, que conta tudo das brigas e controvérsias que fizeram o Clough ser demitido pouco mais de um mês no cargo.

Ele disse depois que o motivo da saída do Brighton foi a oportunidade de vencer uma Copa Europeia com o Leeds hoje a Champions League um título que queria muito ganhar. 

Quando ele fracassa, é mandado embora, e depois assume um time pequeno que jogava a segunda divisão inglesa, parecia que esse seu sonho estava então cada vez mais longe de ser realizado. Mas esse time da segunda divisão era o Nottingham Forest, e o sonho na verdade tava só começando.

O começo no Nottingham Forest

Foto: PA Images/Getty

O Nottingham Forest é um dos clubes mais antigos do futebol, fundado em 1865, mas mesmo assim sempre foi um time pequeno da Inglaterra, e de título relevante tinha ganhado apenas a FA Cup em duas ocasiões. Quando em 1975 o clube anuncia a contratação do Brian Clough, parecia ser uma combinação perfeita: é verdade que ele vinha de trabalhos ruins, mas o que ele fez com o Derby lá atrás – sair da segunda divisão pra vencer a primeira – era exatamente o que o Forest precisava.

Sua primeira temporada não foi nada demais, e o time acaba terminando em 8º na Segunda Divisão. Para a segunda temporada, o time teve uma chegada que ajudou e muito o treinador: o auxiliar técnico Peter Taylor, o grande braço direito do Clough.

Eu não sou qualificado para treinar sem o Peter Taylor. Eu sou a vitrine e ele é a mercadoria.

Brian Clough

A história dos dois anda lado a lado: quando o Clough começou a jogar no Middlesbrough o Taylor era o goleiro reserva do clube, treinando direto com o jovem atacante que não tava tendo chances como titular. Assim o Taylor, que era mais experiente e influente lá dentro, ficou muito amigo do Clough e convenceu o técnico a dar uma chance pra ele, que quando entrou no time nunca mais saiu e se tornou aquele grande artilheiro.

Vários anos depois, o Brian Clough começou a treinar o Hartlepool e chamou o Taylor pra ser seu auxiliar, o acompanhando também depois na passagem vitoriosa pelo Derby. Eles vão juntos para o Brighton, mas quando o Clough sai pra treinar o Leeds o Peter fica e assume o time como treinador.

Muito se diz inclusive que todo aquele fracasso em Leeds se deu pela falta do assistente para balancear o Brian, sendo o toque mais humano pro disciplinador treinador. Agora então em Nottingham eles tavam juntos de novo e essa parceria deu certo mais uma vez, com o Forest conseguindo o acesso para a Primeira Divisão.

Muitos podiam achar que o time brigaria pra não cair, mas o momento era bom, especialmente com a contratação do goleirão Peter Shilton, já considerado na época um dos melhores da Inglaterra; do “carniceiro” Kenny Burns, que tava jogando de atacante e era até artilheiro, mas foi convertido em zagueiro no Forest, e do baixinho escocês Archie Gemmill, um meia canhoto extremamente habilidoso.

O time vai ganhando e ganhando, e cada vez mais ficava claro que ali tinha alguma coisa especial, com um futebol ofensivo colocando o time no topo na tabela, mas o que não significava necessariamente que o Clough era um gênio tático ou algo do tipo: sua filosofia era mais simples e se baseava principalmente na maneira como ele lidava com os jogadores, dando motivação e confiança para aqueles que precisavam e baixando a bola de quem tava se achando demais. E ele não revolucionou a dieta dos atletas nem nada assim, inclusive volta e meia levava os jogadores pra tomarem uma cerveja e comer um peixe frito.

Ele aceitava se você errasse um domínio, ele aceitava você chutar pro gol e errar o alvo, mas ele não aceitava você não dar o seu melhor.

Martin O’Neill, no documentário I Believe in Miracles

Ele também não tinha painel tático com instruções detalhadas de posicionamento ou algo do tipo. Em vez disso, ele chegava pros caras e falava: “ó, você toca a bola”, “você chuta pro gol”, simples assim. Mais simples ainda era a instrução “toca pro John Robertson que ele resolve”. E é hora de falar justamente no craque desse time.

John Robertson, o Picasso da equipe

Foto: Bob Thomas/Getty

John Robertson era um meia escocês que começou profissionalmente no Forest e lá jogou por quase toda sua carreira. Só que quando o Clough chega em Nottingham, o Robertson tava escanteado e na lista de transferências, prontinho pra sair. O técnico viu potencial nele, trocou ele do meio-campo pra ponta esquerda e colocou no time principal. É quando o Peter Taylor chega que ele se consolida como o cara do time, um jogador que não era rápido mas driblava bem, chutava com as duas pernas e batia na bola como poucos.

Com campo para jogar ele era um artista. O Picasso do nosso jogo.

Brian Clough

Com ótima defesa e pontas habilidosos o time continua vencendo, mas mesmo no topo da tabela ainda existiam dúvidas se eles conseguiriam se segurar e ganhar o título. É então na 20ª rodada que acontece o jogo mais marcante daquela temporada, quando o Forest trucida o Manchester United em pleno Old Trafford lotado, com um 4×0 fora o baile com direito a gol contra, um do Robertson e dois do artilheiro Tony Woodcock, que além de vitória foi uma resposta: sim, eles eram favoritos ao título.

Depois desse jogo o Forest não perdeu mais, vencendo também a Copa da Liga em cima do Liverpool – que comandado pelo Bob Paisley era o melhor time inglês naquele período – com um gol de pênalti do Robertson. Não demorou muito depois disso para também garantir a Liga Inglesa pela primeira vez na história, terminando o campeonato com 7 pontos de vantagem ao segundo colocado – mais uma vez o Liverpool – se classificando então para a Copa Europeia também pela primeira vez. 

O Robin Hood do futebol

Foto: Ross Kinnaird – EPICS/Getty

Esse time não foi invencível por nenhuma temporada completa, mas começando do meio dessa pro da temporada seguinte, passou 42 partidas sem perder, recorde no país até o Arsenal dos Invencíveis.

Você deve conhecer a lenda do Robin Hood, que roubava dos ricos pra dar para os pobres. Mas o que você talvez não saiba é que na história o Robin Hood é o herói de Nottingham, roubava dos ricos da cidade e justamente o covil dos ladrões ficava em Sherwood Forest, uma floresta folclore da região e que acabou dando origem ao nome do clube.

Não é nenhum absurdo comparar o príncipe dos ladrões ao Brian Clough, que “roubou” o título inglês dos ricos – o gigante Liverpool por exemplo – e deu aos “pobres”, o pequeno Nottingham, que tinha acabado de subir da 2ª Divisão.

Era o Robin Hood da vida real, que alguns anos antes foi alvo de piadas quando dizia que queria vencer a Copa Europeia e acabou indo para a segunda divisão, mas que agora deu a volta por cima e ia finalmente tentar conquistar seu principal objetivo.

A primeira conquista Europeia

Foto: Bob Thomas/Getty

A temporada 1978/79 do Nottingham Forest seria então a mais especial de sua história, já que a equipe iria disputar o título europeu pela primeira vez. Há que se lembrar de que naquela época só o campeão de cada país disputava a Champions, então era uma parada muito rara, especialmente pros jogadores de um time que tava na segunda divisão alguns anos atrás.

Nessa hora então eles já começaram a fazer as malas e antecipar o primeiro destino rumo a taça, que nessa época começava direto do mata-mata. Será que a gente vai visitar Roma e ver o Coliseu? Ou passear por Milão, Mônaco ou Madrid?

Aí sai o sorteio e o primeiro adversário é… o Liverpool, no que foi um baita balde de água fria. Primeiro porque toda a graça da competição é visitar países europeus diferentes, em confrontos que nunca aconteceram antes, e eles foram lá e justamente pegaram um time que já jogaram contra centenas de vezes.

E segundo porque o Liverpool era o favorito pra vencer a Copa, já que era o atual bicampeão dela – venceu em 76/77 e 77/78 e justamente por isso também se classificou para essa edição.

Era o Nottingham sendo subestimado de novo? Sim. Mas até que fazia sentido, muitos achavam que o título na temporada passada foi um lampejo, e que agora contra o bicampeão europeu ele iria acabar.

O time que conquistou a Europa

Antes de falar sobre o confronto, dá pra gente dar uma passada rápida pelo time titular que enfrentou os Reds e que em grande parte foi o time dessa campanha:

No gol Peter Shilton, na lateral-direita Viv Anderson, aí os zagueiros Kenny Burns e Larry Lloyd, com Colin Barrett na lateral-esquerda. No meio campo o volante e capitão John McGovern era acompanhado por Ian Bowyer, enquanto o John Robertson jogava aberto pela esquerda com o Archie Gemmill pela direita, seja como meias abertos ou pontas. Na frente, o camisa 10 Tony Woodcock fazia dupla com Garry Birtles, que veio substituir Peter Withe, que tinha acabado de sair para o Newcastle.

Os nervos estavam à flor da pele para esse jogo, mas é nesse momento em que o Clough se destacava, motivando os jogadores dizendo que “eles é que tinham que ter medo da gente”, lembrando que o Liverpool foi duas vezes vice deles na temporada passada, por que não vencer eles mais uma vez?

No jogo de ida, o Nottingham em casa no City Ground faz então uma exibição que entrou pra história, com o Birtles fazendo seu primeiro gol pelo clube e o Barrett no finalzinho marcando um golaço de voleio, levando no 2×0 uma baita vantagem para o jogo de volta. Em Anfield o Liverpool pressionou buscando a virada, mas o Peter Shilton foi uma muralha, segurou o 0x0 e assim o Forest derrubava o atual campeão e avançava para a próxima fase.

Se antes os jogadores estavam nervosos, agora a moral estava lá no alto. Na oitavas eles pegavam o AEK Athens da Grécia, no que seria a primeira viagem internacional desse grupo. O time de Atenas era comandado por uma lenda: Ferenc Puskas, mas mesmo um pouco intimidados, os homens de Clough venceram a partida 2×1 com gols de McGovern e Birtles – o que dava um alívio pro jogo de volta, em casa.

Em Nottingham, o Forest jogou com um time um pouco misto, com as entradas de Frank Clark na lateral-esquerda, Dave Needham na zaga e O’Hare no lugar do McGovern. É verdade que o Puskas foi um dos melhores jogadores de todos os tempos, mas como técnico deixava a desejar: mesmo um pouco desfigurado, o time meteu um chocolate pra cima dos gregos, 5×1 com gols do Needham, Woodcock, Viv Anderson e doblete do Birtles, numa confortável classificação para a próxima fase.

Na Liga Inglesa o time não vinha conseguindo repetir a campanha passada, mas isso agora pouco importava: nas Quartas da Copa Europeia pegava o Grasshoppers da Suíça, que na última rodada eliminou o poderoso Real Madrid, ou seja, a promessa era de jogo duro. Na Inglaterra e com a entrada do meio-campista Martin O’Neill pro lugar do Bowyer, o Nottingham começou perdendo, mas conseguiu a virada com Birtles e John Robertson, de pênalti, no que no finalzinho Gemmill e Lloyd marcam também pra levar o 4×1 e a ampla vantagem pro jogo de volta.

Na Suíça o Forest saiu perdendo novamente, mas empatou com o O’Neill e segurou o 1×1 que garantiu mais uma classificação inédita: agora para as Semis. 

A contratação que não podia jogar

Foto: Paul Popper/Getty

Antes desse jogo, vale a pena falar de uma badalada contratação do time que eu ainda não tinha mencionado: Trevor Francis, um meia-atacante que também jogava pela direita e era o craque do Birmingham City. No começo dessa temporada, o Clough tinha contratado o Francis do Birmingham pela bagatela de 1 milhão de libras – na época quebrando o recorde de contratação mais cara do futebol inglês, a primeira a chegar na marca do milhão.

Só tinha um problema: deu alguma treta que o clube não conseguia registrar ele, e assim ele não pôde jogar por algumas competições, inclusive a Copa Europeia. 

O tempo vai passando e ele ainda não faz parte do time que iria enfrentar o Colônia, da Alemanha, na semifinal. O jogo de ida foi em casa, mas mesmo assim uma baita pedreira pro Forest, no que seria o mais difícil daquela temporada: em um lamaceiro danado o Colônia vai vencendo com dois gols logo no começo, em umafragilidade defensiva muito rara do time da casa. Nessa hora tudo parecia perdido: era o melhor time da Alemanha, um dos favoritos pra vencer a competição, passando o trator em plena Inglaterra.

É aí que o Clough se destaca. Ele fala: “o jogo ainda não acabou”.

Tony Woodcock em I Believe in Miracles (2015)

E eles eram resilientes: o Birtles diminui ainda no primeiro tempo e no segundo eles viram com Ian Bowyer e John Robertson, no que o Colônia ainda empata de novo no finalzinho num frangaço atípico do Shilton, mas com um 3×3 que dava ainda uma pontinha de esperança.

O jogo de volta lá na Alemanha seria duríssimo, já que o time alemão tinha a vantagem dos gols fora, mas nas palavras de Brian Clough: “Nós sempre pensamos que vamos vencer”. E com essa mentalidade a sua equipe luta e resiste até o final, quando no segundo tempo abre o placar com Ian Bowyer, de cabeça, num suado 1×0 que classifica o Nottingham para a final da Champions.

A derradeira final era então contra o Malmo da Suécia, no momento mais aguardado da história do clube. Jogar uma final de Champions é um momento especial para qualquer equipe, mas pra uma que tava na Segunda Divisão alguns anos antes? Era um milagre. 

Eu jogava na rua, nunca na minha vida imaginei que jogaria uma final de Copa Europeia” .

Kenny Burns, I Believe in Miracles (2015)

Sentindo o nervosismo dos jogadores, o Clough resolveu levar o time para Mallorca pra se preparar para a partida. Mas nada de instrução tática: eles treinavam de tarde e aí enchiam a cara de noite! Isso hoje parece um absurdo, mas foi uma maneira de aliviar a pressão daquela partida.

30 de Maio de 1979. Em Munique, a final teve no time titular uma grande mudança: no lugar do Gemmill, entrava Trevor Francis pra fazer finalmente a sua estreia na Europa. Muitos estranharam, afinal pra que mexer em time que está ganhando? Mas ele estava doidinho pra provar que o Clough tomou a decisão certa. 

O jogo era lá e cá, e quando um time tinha a posse da bola ele já mandava um chutão pros atacantes resolverem, sem essa de saída sustentada ou troca de passes no meio campo. Logo no começo, um vacilo do Kenny Burns quase dá o gol ao Malmo, mas o Shilton consegue pegar. O Forest era superior, e já no finalzinho do primeiro tempo o Robertson faz uma jogadaça pela esquerda, dribla dois como só ele conseguia e cruza na cabeça do iluminado Francis, que abre o placar e marca o gol da vitória inglesa. 1 milhão ficou barato, o jogo acaba 1×0 e o título da Copa Europeia era do Nottingham Forest pela primeira vez na história, numa das maiores proezas já vistas no futebol.

A gente colocou Nottingham no mapa.

Peter Shilton, I Believe in Miracles (2015)

Foi festa em Nottingham, com esse time comandado por Brian Clough e Peter Taylor já entrando na história do país e agora do continente. Se fosse só isso já tava bom. Mas tinha mais.

O Nottingham Forest bicampeão europeu

Agora, eles tinham uma missão que só não era improvável porque tinha que ser maluco pra duvidar desses caras: defender o título europeu.

Para a temporada 79/80, a equipe sofreu algumas alterações: depois do Gemmill ser banco na final, o escocês não gostou de perder a vaga e acabou tretando com o Clough, no que ele nunca mais jogou pelo clube e saiu para o Birmingham. Na lateral-esquerda, Frank Clark se aposentou e o Barrett saiu, com o Frank Gray chegando do Leeds para a posição. Teve também a ascensão de Gary Mills, atacante da base do clube que passou a participar mais nessa temporada.

O Forest tinha sido o vice-campeão inglês na temporada passada e, por mais que tenha começado essa voando, acabou perdendo muitos jogos e parou de disputar o título ainda pelo meio do campeonato. O que restava então era a campanha na Europa.

Na primeira rodada da Copa Europeia, os campeões de Clough pegavam o Öster da Suécia, ganhando em casa por 2×0, com dois do Bowyer, e na volta empatou no final com Woodcock, 1×1 e a classificação pras oitavas.

Agora, o Forest enfrentava o Arges Pitesti da Romênia, num jogo que não prometia ser difícil e realmente não foi: em casa vence por 2×0, com Woodcock e Birtles marcando no comecinho, e na Romênia marca com Bowyer e McGovern num 2×1 que encaminha a classificação pras quartas.

Chegava o meio da temporada e o time teve algumas mudanças: um dos jogadores mais importantes dessas últimas campanhas, Tony Woodcock saiu para o Colônia. Pro lugar dele veio o polêmico Stan Bowles, do Queens Park Rangers.

As quartas de final da Copa Europeia eram contra o BFC Dynamo da Alemanha Oriental, e esse primeiro jogo foi muito marcante para a equipe: com Bowles no lugar do Woodcock, o Nottingham vai mal e perde em casa por 1×0, no que foi a primeira derrota da história do clube na competição.

Agora em Berlim, o Forest precisava de uma partida inspirada pra virar esse jogo e ela veio: brilha a estrela de Trevor Francis, que marca dois logo no começo, com mais um de pênalti do Robertson para vencer por 3×1 e avançar na competição.

As semis eram contra o Ajax, um dos maiores times da história da Champions. Mas o Forest tava inspirado, e em casa vence por 2×0 com gols das duas estrelas da sua equipe, Francis e Robertson. Em Amsterdam o time inglês perde por 1×0, mas isso não impede a sua classificação pra mais uma final de Copa Europeia.

A segunda final

Foto: Getty

A final seria contra o Hamburgo, e o clima tava tenso por vários motivos: primeiro que o time alemão vinha forte, tendo derrotado o Real Madrid por 5×1 pra avançar para a final. Segundo porque um dos craques do Forest e o cara da última final, Trevor Francis, rompeu o tendão de aquiles e estava fora da decisão. 

E a concentração de novo foi inusitada: dessa vez o técnico queria tanto tirar a cabeça deles da partida que nem treinou e proibiu os jogadores de sequer levarem uma bola de futebol! O Shilton teve que implorar pra poder treinar, achou umas bolas e conseguiu se preparar, mas o resto ficou só na diversão mesmo.

Um dos pontos fortes do Hamburgo era o lateral-direito Manny Kaltz. Perguntado se ele daria trabalho, o Clough respondeu: “Nós temos um gordinho que vai virar ele do avesso” – se referindo no caso ao John Robertson.

28 de Maio de 1980. No Santiago Bernabéu em Madrid, o Forest foi com Shilton no gol, Viv Anderson, Burns, Lloyd e Gray; McGovern e Bowyer no meio-campo, O’Neill na direita, Robertson na esquerda e Birtles e Gary Mills no ataque. 

O Hamburgo começa o jogo muito melhor, criando chances e obrigando o time inglês a se defender, até que o John Robertson faz uma jogadaça pela esquerda, corta pro meio numa tabelinha com o Birtles e chuta pro gol, abrindo o placar com um golaço. Parecia predestinado: o craque do time, marcando depois de ter recebido uma menção especial do Clough antes da partida.

Se eles já tavam tomando pressão do Hamburgo agora ela ficou ainda maior, e então o Forest faz uma exibição defensiva de gala, botando todo mundo para trás pra impedir o gol alemão, com os zagueiros fazendo o jogo da vida deles e especialmente o Shilton, que fez diversas defesas difíceis pra manter a vitória. No final eles tavam tão exaustos que o Birtles perde um gol cara a cara com o goleiro, mas isso de nada importou: 1×0 e o Nottingham Forest era bicampeão europeu, realizando um dos feitos mais incríveis de toda a história do futebol.

Você ganha uma vez e eles dizem que é sorte. Você ganha duas e cala a boca deles.

Brian Clough

O fim da Era Clough

Foto: Lewis Strickley/Getty

Toda história tem que ter um fim, e o dessa equipe foi extremamente melancólico.

Chega a próxima temporada, e na primeira fase da Copa Europeia o Forest enfrentava o CSKA Sofia da Bulgária, perde de 1×0 no primeiro jogo e mais uma vez de 1×0 no segundo pra ser eliminado precocemente. E o pior: essa foi a última vez em que o time de Nottingham disputou a competição.

O clube não foi o mesmo depois disso, e saíram Larry Lloyd, Birtles, O’Neill e Bowyer, quatro titulares importantíssimos dessas conquistas, com as reposições não correspondendo à altura. Da última vez o time tinha terminado em 5º na Liga, dessa vez acabaram em 7º, nunca mais vencendo a competição. Nos próximos anos, outros dos jogadores importantes como o Shilton, Kenny Burns e Trevor Francis também vão deixando o clube.

Mas talvez a saída mais doída foi a do auxiliar Peter Taylor. Depois da final em Madrid, o Taylor tinha escrito uma biografia – “With Clough by Taylor” contando um pouco da sua história com o técnico, mas sem avisar pro Clough. Ele ficou muito irritado e a relação deles começou a implodir.

Para piorar, o Taylor sai do Forest e se aposenta, só que pouco tempo depois ele volta atrás e aceita comandar o Derby. Lá ele contrata para o clube o John Robertson, com o Clough só sabendo disso quando ele já tinha assinado o contrato. Assim, a rixa entre eles virou uma relação de ódio.

Se juntos formaram uma das melhores duplas técnicas do futebol, separados nunca conseguiram ter sucesso. E infelizmente essa rixa nunca se resolveu: em 1990, Peter Taylor passava as férias em Mallorca quando subitamente faleceu, sem nunca ter se reconciliado com seu velho amigo.

No comando do Forest, o Clough nunca chegou perto de repetir as glórias do passado, e se antes ele adorava beber uma pra relaxar ou aliviar a pressão, agora a bebida fazia parte de um vício. Depois do bicampeonato europeu ele passou mais de uma década treinando o clube, mas ganhou apenas um par de Copas da Liga. 

Em 92/93, sua última no comando do Nottingham, o Clough parecia derrotado, longe daquela figura carismática do passado. Era o fim de um ciclo: depois de subir o time de divisão e ganhar tudo aquilo, agora o técnico via seu time ser rebaixado para a Segunda Divisão. E por ironia do destino, o último gol marcado pelo Forest com ele no comando foi de Nigel Clough, seu filho.

Em 2004, Brian Clough faleceu depois de um câncer no estômago. Era luto em todo o país, mas especialmente para três torcidas: a do Middlesbrough, onde é um dos maiores artilheiros; do Derby, onde tirou o time da segunda divisão e venceu a Liga Inglesa; e claro, do Nottingham Forest, onde passou 18 anos e lá venceu quatro Copas da Liga Inglesa, uma Supercopa Inglesa, uma Supercopa da UEFA, uma Liga Inglesa e claro, foi bicampeão europeu

Sem dúvida alguma, o Nottingham Forest de Brian Clough é um Time Imortal do futebol.

Euro d’Or – Janeiro/23

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Marcus Rashford foi eleito por Euro Fut e convidados como o Melhor do Mundo no mês de Janeiro!

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Euro d’Or – Dezembro/22

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Em votação unânime, o campeão do mundo Lionel Messi foi eleito por Euro Fut e convidados como o Melhor do Mundo no mês de Dezembro, vencendo pela terceira vez!

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Euro d’Or – Novembro/22

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Kylian Mbappé foi eleito por Euro Fut e convidados como o Melhor do Mundo no mês de Novembro!

Todos os votos e votantes podem ser conferidos abaixo:

A história de todas as Copas do Mundo

Esse artigo foi originalmente escrito como roteiro para o vídeo acima.

Desde 1930, a Copa do Mundo é a maior competição do futebol e do esporte mundial, reunindo craques ao redor do mundo para dividir o palco maior do nosso esporte em busca de uma só taça. Essa é a história resumida de todas as edições de Copa do Mundo.

Jogos Olímpicos e o Início

Foto: Frederico Guilherme Gaelzer

Pra falar de Copa do Mundo, tem que voltar um pouquinho antes dela ser inaugurada. Isso porque, mesmo antes da Copa, já existia uma competição disputada por seleções do mundo inteiro: os Jogos Olímpicos

A primeira vez que o futebol deu as caras nos Jogos foi em 1900, em Paris. Acontece que nessa época só três países disputaram a modalidade, e nem eram seleções em si, e sim um time do Reino Unido, um da França e um da Bélgica que representaram seus países, com o Reino Unido vencendo mas sem ninguém nem receber uma medalha na época.

Na próxima competição foi a mesma coisa, e só em 1908 que os países tiveram seleções, mas ainda poucas e ainda algumas repetidas – teve França A e França B, olha que maluco. Ao longo dos próximos anos o formato foi ganhando um pouco mais de relevância, e depois de ter uma pausa por conta da Primeira Guerra Mundial, voltou em 1920.

É em 1924 que a primeira delas organizada pela FIFA aconteceu, ainda dentro dos Jogos Olímpicos: agora com 24 seleções, o Uruguai vence a medalha de ouro e depois novamente em 1928 leva a medalha pra casa. Nessa época o futebol começou a virar uma das modalidades mais populares dos Jogos, mas tinha um problema: só atletas amadores podiam participar das Olímpiadas, e vários dos melhores jogadores de futebol nessa época já eram profissionais.

Assim, presidida por Jules Rimet, a FIFA decidiu organizar a sua própria competição nos intervalos dos Jogos Olímpicos, e então nasceu a Copa do Mundo.

Copa do Mundo de 1930, no Uruguai

Foto: Popperfoto/Getty

Para sediar a primeira edição, em 1930, o escolhido foi o atual bicampeão Uruguai. Como era uma competição nova, e o pessoal não sabia ainda se iria vingar, nem todo mundo topou ir, e assim apenas 13 países fizeram parte da primeira Copa do Mundo da história.  

Eles foram então divididos em quatro grupos, e se você é bom de matemática vai saber que essa conta não fecha. Pois bem, três grupos tinham três times, e um deles acabou ficando com quatro. Bizarro, mas foi o que deu pra fazer. 

E não foram só os países que não compareceram: algumas fontes dizem inclusive que a primeira partida de Copa da história teve pouco mais de 1000 pessoas no estádio, basicamente vazio para os padrões de hoje.

O primeiro gol da história da Copa do Mundo foi marcado pelo francês Lucien Laurent, e depois dos jogos dos grupos Argentina, Uruguai, Iugoslávia e os Estados Unidos avançaram para as semis, com a final sendo decidida entre a Argentina e o Uruguai, com a Celeste vencendo por 4×2 em casa e levando então mais uma competição de futebol, garantindo o tri e a primeira Copa do Mundo.

Esse que é um tema polêmico, afinal aqueles títulos anteriores contam como Copa do Mundo ou não? O Uruguai considera e usa as estrelas na camisa, mas por mais que a FIFA reconheça os títulos mundiais, ela não considera eles como sendo títulos de Copa do Mundo. 

Copa do Mundo de 1934, na Itália

Foto: Keystone/Getty

A história das Copas acaba se confundindo com política e rixas da época, e foi o caso da próxima: em 1934 ela foi sediada na Itália, que não tinha nem participado da última porque se recusou a viajar para o Uruguai. Assim, o atual campeão do mundo resolveu retribuir e não participou dessa Copa nem para tentar defender seu título.

Dado o sucesso da edição anterior, dessa vez 32 times disputaram uma rodada de mata-mata preliminar para decidir os 16 times que iriam jogar a Copa: inclusive a própria anfitriã Itália. Imagina se a Itália não tivesse se classificado pra Copa no próprio país?

Eventualmente os quatro primeiros foram a Itália, Áustria, Tchecoslováquia e Alemanha, com a Itália vencendo a Tchecoslováquia na final por 2×1 na prorrogação e levando a taça pra casa.

Dá pra dizer que o craque dessa copa foi o italiano Giuseppe Meazza, esse mesmo que é ídolo máximo da Inter de Milão, enquanto uma das queridinhas do torneio foi a Áustria, com o que ficou conhecido nessa época como o Wunderteam, ou o “Time Maravilha”, na melhor geração que o país já teve no futebol mas que nunca conseguiu ser uma seleção grande por um motivo que a gente vai ver mais pra frente.

Copa do Mundo de 1938, na França

Foto: STAFF/Getty

Em 1938 mais uma vez a Copa seria sediada na Europa, e dessa vez a França foi escolhida como anfitriã. E de novo o Uruguai, agora acompanhado da Argentina, resolveu boicotar a Copa pela distância e não foi disputá-la. E eram duas das seleções mais fortes, fizeram a final da Copa de 1930 e poderiam ser favoritas pra essa. Vale lembrar que na época as viagens eram de navio, então a longa distância realmente prejudicava demais as equipes e não era pura birra.

Novamente 32 times disputaram as 16 vagas pra Copa, mas no final ela acabou tendo apenas 15: isso porque a Áustria foi anexada à Alemanha nazista e então não era mais considerada independente, foi desclassificada, e inclusive alguns jogadores austríacos foram integrados à seleção alemã.

Depois das fases preliminares, a dona da casa França foi eliminada cedo, e as semis foram decididas entre Hungria e Suécia e entre a Itália e o Brasil, que até aqui não tinha sido mencionado, mas nessa Copa começou a mostrar um futebol que agradou a quem assistia e vai começar a aparecer mais e mais pro mundo nos anos seguintes, nessa Copa muito bem representado pelo Leonidas da Silva, considerado por muitos o inventor da bicicleta, e que meteu 7 gols em 4 jogos pela seleção nesse torneio, mas ainda assim viu a Seleção ser eliminada para os italianos.

A Itália e a Hungria disputaram a final, e com um 4×2 a seleção italiana era então bicampeã da Copa do Mundo.

Copa do Mundo de 1950, no Brasil

Foto: Bob Thomas/Getty

A próxima Copa deveria ser em 1942, e a escolha pro próximo país sede estava entre a Alemanha Nazista e o Brasil, mas de qualquer maneira a decisão iria irritar alguém: as seleções europeias gostavam da proximidade de uma Copa na Europa, enquanto as seleções sul-americanas já estavam de saco cheio com a chance de uma terceira Copa seguida tão longe do continente.

Só que não precisou de decisão porque é em 1939 que começa a Segunda Guerra Mundial, e portanto a Copa foi sendo adiada e adiada até enfim ser anunciada em 1950 no Brasil. Ela acabou agradando “todo mundo”, já que os sulamericanos voltaram a participar pela proximidade e, depois de toda a destruição causada pela Guerra, nenhum país europeu queria sediar.

Na verdade isso ficou só na teoria, porque dos 31 clubes que disputariam as preliminares pra Copa, vários deles tretaram com a FIFA e decidiram abandonar a competição, incluindo por exemplo a Argentina, que tinha também uma rixa com a CBF, resultando no fim das contas em apenas 13 times.

Depois então dessa fase de grupos desproporcional, que acabou tendo dois grupos com quatro times, um grupo com três e um último grupo com só duas equipes, foi formado um polêmico “quadrangular final” para decidir o campeão. Então sem mata-mata, quatro times faziam parte de um grupo, iriam se enfrentar, e quem tivesse mais pontos vencia a Copa do Mundo mais maluca da história.

Nesse formato não era pra ter uma final mas acabou tendo: Brasil e Uruguai eram os primeiros do grupo, e iriam então se enfrentar para o último jogo da Copa. Por ter mais pontos, o Brasil precisava só empatar e já seria campeão.

Só que o jogo no Maracanã – que inclusive foi construído justamente pra essa Copa ficou conhecido como um dos maiores vexames da Seleção Brasileira, que abre o placar com o Friaca, mas toma a virada no final com Schiaffino e Ghiggia garantindo o bicampeonato do Uruguai, e assim o “Maracanazo” brasileiro entrava pra história.

Mas talvez se não fosse esse vexame o Brasil poderia não ser o mesmo: o Pelé era pequeno nessa época, e hoje ele conta que, depois do seu pai ficar muito chateado com o resultado, teria prometido pra ele que ia vencer uma Copa um dia. O resultado você vai ver já já.

Copa do Mundo de 1954, na Suíça

Foto: picture alliance/Getty

Em 1954 foi a vez da Suíça sediar a competição, que conseguiu finalmente ter 16 times e voltou aos moldes de “fase de grupos e depois mata-mata”, sendo também a primeira da história a ser televisionada!  

Foi também nessa Copa em que surgiu o uniforme Canarinho – camisa amarela e calção azul – do Brasil, que foi eliminado nas quartas para uma seleção que virou a queridinha do torneio: a Hungria, que tinha um timaço incluindo o famoso Ferenc Puskás, que hoje dá nome ao prêmio de gol mais bonito do ano e derrotou a canarinha com direito até a porradaria.

Os times que chegaram às semis foram então a Hungria x Uruguai e Alemanha Ocidental contra Áustria, nesse confronto pra lá de simbólico né, que resultou numa final entre a Hungria e Alemanha.  

A favorita Hungria, que tinha amassado a Alemanha na fase de grupos, começa arrasadora, com gols de Puskas e Czibor no comecinho, mas vê a Alemanha logo em seguida descontar com Morlock, empatar com Rahn, e depois ele de novo marca no final o da virada alemã e consolida o que ficou conhecido como Milagre de Berna, sagrando a Alemanha campeã mundial pela primeira vez e frustrando os planos de uma Hungria que nunca mais chegou nem perto de ser tão boa como essa daí.

Copa do Mundo de 1958, na Suécia

Foto: Popperfoto/Getty

Chega então 1958, e a Copa foi sediada mais uma vez em um país europeu, dessa vez na Suécia, novamente com 16 times na competição.

A queridinha dessa vez era justamente a Seleção Brasileira, que encantava com a maneira bonita que jogava e com a estrela de dois craques da equipe: Garrincha e a jovem promessa Pelé, de apenas 17 anos de idade que quem sabe viria se tornar um grande jogador, só o tempo dirá… 

Essa Copa também teve a participação do goleiro da União Soviética Lev Yashin, que estava chamando a atenção do mundo com suas defesas difíceis e acrobáticas.

A França teve também um baita destaque: Just Fontaine, que marcou 13 gols em 6 jogos e é até hoje o maior marcador em uma só edição de Copa do Mundo.

Os confrontos das semis foram então entre Brasil e França e entre Suécia e Alemanha Ocidental, com o Brasil avançando para a final com o famoso hat-trick do jovem Pelé, contra a dona da casa Suécia, que havia derrotado a atual campeã. 

Mesmo com os suecos jogando em casa, a Seleção Brasileira era a favorita para o jogo – isso desde que a maldição da final de 50 não atormentasse a equipe. Quando a Suécia abre o placar no comecinho com Liedholm, parecia que o pior ia acontecer.  

Só que o Brasil era muito superior, e a partir daí foi chocolate pra cima deles: Vavá empata logo em seguida, e ainda no primeiro tempo faz o da virada. É no segundo tempo em que o Pelé marca um dos gols mais antológicos de todos os tempos, dando um chapéu antes de marcar o terceiro, com o Zagallo logo após ampliando ainda mais a vantagem. A Suécia marcou mais um com Simonsson, mas um gol de Pelé no finalzinho selou o 5×2 que dava então a primeira Copa do Mundo para o Brasil.

Copa do Mundo de 1962, no Chile

Foto: Popperfoto/Getty

Em 1962 a Copa voltou novamente à América do Sul, agora sediada no Chile. Pela proximidade e pelo momento, o Brasil era o favorito para defender o título e conquistar a dobradinha. Afinal se antes o Pelé ainda era uma promessa, agora em 62 ele já era considerado o melhor jogador do mundo, já que inclusive é nesse ano em que ele ganha o Mundial de Clubes com o Santos em cima do Benfica.

O problema é que logo no começo ele se machuca e fica de fora do resto da competição. Assim, cabe ao Garrincha ser a estrela desse time, levando o Brasil para as semis contra o Chile, enquanto a Tchecoslováquia e a Iugoslávia disputavam a outra vaga para a final, nesse confronto de países que não existem mais.

Tem até algo bem curioso, já que o Garrincha foi expulso de campo nas semis e não deveria jogar a final. Essa história é bem mal contada, mas basicamente deram um famoso jeitinho brasileiro e ele foi liberado para jogar.

A derradeira final da Copa é então entre o Brasil e a Tchecoslováquia, e começa como na final passada, com os tchecos abrindo o placar com Masopust logo no começo. Só que também como daquela vez, a Seleção Brasileira empata logo em seguida, com o Amarildo, o famoso substituto do Pelé, e no segundo tempo marca com Zito e depois Vavá para se sagrar bicampeão mundial.

Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra

Foto: Cattani/Getty

No ano de 1966 a Copa agora foi sediada na Inglaterra, a “casa do futebol” mas que vamos combinar, até agora nem tinha aparecido na história das Copas.

O Brasil era um dos favoritos para ganhar e faturar o tri, mas se não conseguiam parar os brasileiros na técnica iam na porrada mesmo: na fase de grupos a Bulgária perde para o Brasil mas consegue machucar o Pelé, que fica de fora do próximo jogo na derrota pra Hungria, e depois mesmo voltando perde para Portugal e o Brasil era eliminado.

Portugal que seria um dos destaques dessa Copa muito pelo craque Eusébio, que ajudou a levar a seleção para as semis contra a Inglaterra enquanto a Alemanha Ocidental de um novinho Beckenbauer enfrentava a União Soviética do Yashin.

Os ingleses contavam com o goleirão Gordon Banks, considerado para muitos como um dos melhores goleiros da história, e também Bobby Charlton, um dos melhores ingleses de todos os tempos que ajudou a despachar Portugal.

A final foi então entre a Inglaterra e a Alemanha, que abre o placar com o Haller, no que a Inglaterra empata com Geoff Hurst e depois no segundo tempo vira com Martin Peters. É bem no finalzinho do jogo em que a Alemanha busca o empate com o Weber e força a prorrogação.

É lá então que o Hurst marca o polêmico “gol fantasma” e depois completa o hat-trick para dar a vitória e a primeira e única Copa do Mundo para a Inglaterra.

Copa do Mundo de 1970, no México

Foto: Getty

A Copa de 70 foi a primeira a não ser sediada nem na Europa e nem na América do Sul, quando o México foi escolhido como anfitrião do torneio.

A atual campeã Inglaterra viajou para a América um tempinho antes para se acostumar com o calor, e o Brasil também vinha forte: mesmo sem Garrincha, a seleção tinha o “Esquadrão”, com caras como o Carlos Alberto, Rivellino, Tostão, Jairzinho e claro, o já experiente Pelé, comandados pelo ex-jogador Zagallo.

Os ingleses caíram nas quartas, e as semifinais foram formadas entre o Esquadrão brasileiro contra o Uruguai, e entre a Itália e a Alemanha Ocidental. 

O artilheiro dessa Copa foi o alemão Gerd Müller, com a expressiva marca de 10 gols em 6 jogos, mas que viu seu país perder para a Itália. 

O Brasil chega então a sua quarta final de Copa contra a Itália, e dessa vez abre o placar com um cabeceio do Pelé, antes do Boninsegna empatar para os italianos. Mas no segundo tempo só deu Brasil, e com gols de Gerson, Jairzinho, e do capitão Carlos Alberto, a seleção vence por 4×1 e conquista o tricampeonato mundial, se consolidando claramente como o País do Futebol.

Feito grande também para o Zagallo, que se tornou a primeira pessoa a vencer uma Copa como jogador e como treinador.

Copa do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental

Foto: STF/Getty

Depois de muito tempo querendo sediar uma, a Copa de 1974 é então finalmente na Alemanha, ainda como Alemanha Ocidental. Ela também teve mais uma vez uma mudança no formato, quando agora além da fase inicial de grupos os vencedores iriam para dois outros grupos, e então os ganhadores desses grupos disputariam a final.

O Brasil não tinha nem Pelé nem varios outros campeões mundiais, mas contava ainda com Jairzinho e Rivellino para chegar então nessa segunda fase. Só que caiu no grupo da impressionante Holanda, que comandada por Rinus Michels e tendo o Cruyff como craque derrotou o Brasil com seu Futebol Total e ficou em primeiro no grupo, indo para a final.

Do outro lado a Polônia foi uma das surpresas dessa edição, contando com o artilheiro Grzegors Lato, que marcou 7 gols no torneio, mas o vencedor do grupo foi a anfitriã Alemanha Ocidental, que tinha o já mais experiente Beckenbauer como estrela do time, além do goleirão Sepp Meier.

A história das Copas muitas vezes também conta a história de equipes mágicas mas que não conseguiram vencê-la: foi o caso do Carrossel Holandês, que abre o placar bem no início com Neeskens de pênalti depois de uma jogadaça do Cruyff, mas que vê ainda no primeiro tempo a Alemanha empatar com o Breitner, também de pênalti, e depois virar com gol de Gerd Müller, tornando a Alemanha bicampeã mundial.

Copa do Mundo de 1978, na Argentina

Foto: George Tiedemann/Getty

Era em 1978 a vez da Argentina sediar: ela que naquele comecinho de competições internacionais era uma das seleções mais fortes, mas depois de ficar de fora de algumas Copas acabou nunca indo tão longe em mais nenhuma. Surgia também um jovem talento argentino, Diego Maradona, mas que foi cortado antes da Copa começar. Não era ainda a vez dele.

No mesmo formato da edição passada, a Argentina liderada pelo craque Mario Kempes, artilheiro dessa edição com 6 gols, vence seu grupo – que teve o Brasil em segundo lugar – e enfrentaria então na final a Holanda, vencedora de seu grupo que teve a Itália como vice.

Só que mais do que tudo, essa Copa foi marcada por uma Argentina digamos possivelmente trapaceira. Começa que houve uma denúncia de fraude no antidoping, onde os jogadores argentinos teriam contratado um cara para urinar e passar nos exames no lugar deles, e isso já até foi meio que confirmado por um ex-jogador dessa seleção, Oscar Ortiz.

E tem uma polêmica que prejudicou o Brasil: para passar em 1º e ir para a final, a Argentina teria que vencer o Peru por quatro gols de diferença, que antes disso até tava indo bem. Rola uma história de suborno, já que a Argentina venceu por 6×0 e foi pra final de uma maneira bem suspeita justo numa época em que vivia uma ditadura.

Ainda um bom time, liderado pelo craque Johan Neeskens, essa Holanda não era a mesma da edição passada, já que não tinha Rinus Michels no comando nem o Cruyff na equipe, que se recusou a ir pra Copa por conta de um caso de sequestro. A dona da casa abre o placar com o Kempes, e é só no finalzinho do jogo em que a Holanda empata com cabeceio do Nanninga. É então na prorrogação que o Kempes coloca de novo a Argentina na frente e o Bertoni faz o 3×1 que dá o título pros anfitriões argentinos.

Copa do Mundo de 1982, na Espanha

Foto: Onze/Getty

A Copa do Mundo de 1982 na Espanha foi mais uma a ter mudanças: eram agora 24 times na competição, que teria agora duas fases de grupos para avançar até chegar na semifinal. A Argentina dessa vez já tinha o badalado e polêmico Maradona no time, mas os campeões não foram muito longe.

O brilho dessa Copa era todo do Brasil, cujo famoso time treinado pelo Telê Santana encantava a quem via, e é até hoje considerado uma das melhores Seleções de todos os tempos, com caras como o Falcão, Junior, Sócrates e claro, o Zico.

Só que esse timaço foi eliminado de maneira precoce para a Itália, que passa para a final com a estrela do goleirão Dino Zoff e do Paolo Rossi, artilheiro dessa Copa com 6 gols, que meteu três no Brasil e depois também marca dois pra despachar a zebra Polônia e chegar à final. Vale lembrar também que essa foi a primeira Copa com disputa de pênaltis. 

Do outro lado, a Alemanha Ocidental enfrentou a França, que mesmo com o Michel Platini jogando muito foi eliminada nos pênaltis e viu a Alemanha disputar a taça. 

Só que mesmo eliminado o Brasil ainda estava na final! É, com a presença do árbitro Arnaldo Cézar Coelho, esse mesmo que hoje é comentarista, e que foi o primeiro brasileiro a apitar uma final de Copa do Mundo.

Depois de um 0x0 no primeiro tempo o Rossi abre o placar para a Itália, em seguida o Tardelli amplia e então o Altobelli faz o terceiro, no que o Breitner faz o gol de honra da Alemanha, que vê a Itália se sagrar tricampeã mundial e empatar com o Brasil.

Copa do Mundo de 1986, no México

Foto: Bongarts/Getty

Em 1986 a Copa foi novamente no México e mais uma vez o formato mudou, tendo apenas uma fase de grupos e indo depois direto pro mata-mata.

Foi uma Copa de surpresas, com a Bélgica fazendo sua melhor campanha na história chegando às semis, enquanto a Dinamarca, em sua primeira Copa do Mundo, também foi destaque e até ficou conhecida como Dinamáquina por conta disso.

O Brasil ainda tinha aquele timaço, mas acabou eliminado para a França de Michel Platini, uma das semi-finalistas. Ela enfrentou e perdeu para a Alemanha Ocidental, enquanto a zebra Bélgica foi derrotada pela Argentina, sensação dessa Copa por causa de um cara: Diego Armando Maradona, que nas quartas havia eliminado a Inglaterra – do artilheiro Gary Lineker com 6 golscom direito a Mano de Dios e a um dos gols mais bonitos de todos os tempos, sendo o craque da Copa, com 5 gols e 5 assistências.

O objetivo da Alemanha na final foi então um só: parar o Maradona. A solução encontrada pelo Beckenbauer – agora técnico da equipe – foi colocar Lothar Matthäus, um dos craques do time, pra parar o argentino.

Funcionou, mas ainda assim a Argentina abre o placar com Jose Brown e depois amplia com Valdano. Já no final, Rummenigge e o Völler empatam para os alemães em duas cobranças de escanteio, mas um gol do Burruchaga, com assistência do gênio Maradona, garante o título da Copa para a agora bicampeã Argentina.

Copa do Mundo de 1990, na Itália

Foto: Henri Szwarc/Getty

Passando para 1990, ela dessa vez foi sediada na Itália, que depois da decepção passada buscava ser a primeira tetracampeã mundial. Foi também a primeira Copa do Mundo da história onde todas as seleções que já foram campeãs participaram.

Essa Copa foi muito marcada por figuras carismáticas, como o goleiro maluco René Higuita da Colômbia e o atacante camaronês Roger Milla, já com 38 anos, que marcou aquele famoso gol com comemoração na bandeirinha.

Alguns bons times foram eliminados logo nas oitavas, como o Brasil para a Argentina do Maradona; e a Holanda que tinha caras como Gullit, van Basten e Rijkaard, mas que acabou perdendo para a Alemanha Ocidental. 

A dona da casa Itália contou com o artilheiro Schillaci para chegar nas semis, mas foi eliminada para a Argentina nos pênaltis. Esse também foi o destino da Inglaterra, que perde para a Alemanha que chega mais uma vez – a terceira vez seguida – em uma final de Copa do Mundo, com o Lothar Matthäus cada vez mais como o cara dessa equipe.

E a Argentina chegou para a final com mais uma mãozinha do Maradona: dessa vez, contra a União Soviética, ele usou as mãos pra defender a bola que nem um goleiro mesmo, e mais uma vez saiu impune.

Os dois times buscavam então o tri, mas não foi dessa vez pro Maradona: depois de boa parte do jogo sem gols, a Alemanha tem um pênalti bem polêmico no finalzinho da partida e converte com o Brehme para sagrar-se então tricampeã e empatar com Brasil e Itália.

Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos

Foto: Mark Leech/Getty

Chega a vez da Copa do Mundo nos Estados Unidos, em 1994, a primeira com uma nova regra importante que proibia o recuo da bola para os goleiros pegarem com as mãos, valorizando então um jogo mais ofensivo.

Alguns times surpreenderam, como a Romênia e especialmente a Bulgária, que tinha a estrela do Barcelona, Hristo Stoichkov, um dos artilheiros dessa Copa com 6 gols, ao lado do russo Oleg Salenko.

Só que ela foi muito marcada também por uma tragédia, quando o Andrés Escobar, da Colômbia, marca um gol contra que garante a eliminação da sua seleção, e na volta ao seu país é tragicamente assassinado a tiros.

Essa foi uma Copa com algumas zebras, como a não-classificação de França e Inglaterra e da eliminação precoce da Argentina, que teve o já veterano Maradona sendo pego no doping, expulso do torneio, e caiu pra Romênia; e da Alemanha, eliminada pela Bulgária. O destaque se dava ao Brasil, dessa vez um time mais defensivo, comandado pelo Parreira, pelo goleirão Taffarel, e a dupla Bebeto e Romário; e à Itália, de Baggio e Maldini.

Nas semis, a Itália vence a Bulgária e o Brasil derrota a Suécia para então termos uma certeza: sairia da final um país tetracampeão. Mesmo com tão bons atacantes, o jogo fica no 0x0 e vai para os pênaltis pela primeira vez numa final de Copa do Mundo, que contou com um momento chave: o pênalti perdido pelo Baggio, que significava que o Brasil “É TETRAAAAA” da Copa do Mundo.

E foi também o tetra do Zagallo, que já tinha vencido duas vezes como jogador, uma como técnico e agora, como coordenador, vencia mais uma vez. 

Copa do Mundo de 1998, na França

Foto: Christian Liewig/Getty

No ano de 1998 a competição foi sediada na França, uma das tradicionais seleções do futebol que ainda não havia levado o troféu pra casa. Foi também a primeira vez em que a Copa teve 32 times, o que dura até o momento desse artigo.

O Brasil era sem dúvida um dos favoritos: não tinha o Romário, afastado da Seleção, mas contou com os reforços de Roberto Carlos, Cafu, Rivaldo e Ronaldo Fenômeno para ter um time mais forte ainda. Enquanto isso a anfitriã também tinha um timaço, com caras como o Barthez, muralha no gol, Vieira, Deschamps, Zidane e um novinho Thierry Henry.

Nas semis, o Brasil vence a Holanda de Kluivert e cia nos pênaltis para chegar na final, acompanhada da França, que havia derrotado a zebra Croácia, do artilheiro Davor Suker, com 6 gols marcados.

Já a final é mais uma que o brasileiro adoraria poder esquecer: antes da partida o Ronaldo sofreu uma convulsão e virou dúvida para o jogo. Ele começa jogando, mas muito longe do jogador que costumava ser. Foi então o show do Zidane, que marca o primeiro de cabeça, o segundo também, e vê no finalzinho o Petit ampliar e garantir o 3×0 pra cima de um Brasil irreconhecível, ganhando sua primeira Copa do Mundo.

Copa do Mundo de 2002 , na Coréia do Sul e Japão

Foto: Mark Leech/Getty

2002 foi um ano histórico para as Copas, pois foi a primeira edição fora das Américas e da Europa, além de ser a primeira também a ter sede em dois países diferentes: na Coréia do Sul e no Japão.

Uma das favoritas, a França não contou com o Zidane, machucado, para os primeiros jogos e acabou sendo eliminada ainda na fase de grupos. Enquanto isso, o Brasil comandado pelo Felipão vinha com um Ronaldo sob desconfiança depois das lesões, além agora de contar com Ronaldinho Gaúcho e com o cara que foi o craque dessa Copa: Rivaldo, que foi possivelmente o melhor desse “trio de Erres” que encantou tanto os brasileiros.

A Seleção chega então nas semis, quando derrota a surpresa Turquia com direito a lance marcante do Denílson, para disputar a taça contra a Alemanha, que vence a Coréia do Sul no outro confronto das semifinais. Essa que só chegou tão longe depois de arbitragens extremamente polêmicas contra Itália e Espanha.

Foi a primeira e até hoje única final entre Brasil e Alemanha, que até essa Copa estavam quase sempre chegando lá: até 2002, só 4 finais de Copa não tiveram ou Brasil ou Alemanha na derradeira final, então justo que finalmente elas se enfrentassem. Dessa vez o Ronaldo estava inspirado, e faz então os dois gols da vitória que trouxe o pentacampeonato para o Brasil.

Nesse artigo a gente foi sucinto para conseguir contar a história de todas as Copas, mas se você quiser saber mais só sobre a Seleção Brasileira, a gente tem um artigo só sobre o Penta.

Copa do Mundo de 2006, na Alemanha

Foto: Getty

Em 2006 a Copa era de novo na Alemanha, que veio como uma das favoritas, assim como o Brasil, que tinha pra esse torneio um “Quadrado Mágico” composto por Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo. Essa Copa foi também a estreia de um novinho Lionel Messi em Copas do Mundo.  

Não adiantou nada, porque o quadrado foi eliminado nas quartas na famosa partida em que o Zidane destruiu no meio-campo, levando a França pras semis contra Portugal, que mesmo comandada pelo atual campeão do mundo, o Felipão, e com caras como Deco, Figo e Cristiano Ronaldo também foi eliminada pros franceses.

Já a anfitriã Alemanha pegou a Itália, que com Cannavaro, Pirlo, e Totti, se sagrou superior e chegou também na decisão, desbancando os alemães que tinham Miroslav Klose, o artilheiro daquela edição com 5 gols.  

A final entre Itália e França foi marcada por dois jogadores em específico: pênalti pra França no comecinho do jogo, e na frente do goleirão Buffon o Zidane vai lá e abre o placar com uma cavadinha, mas depois vê o Materazzi empatar para os italianos.

Sem mais gols na partida, o “confronto” continua, quando Zidane e Materazzi discutem no final da prorrogação, o italiano xinga a irmã do Zizou e o francês desfere uma cabeçada no italiano, sendo expulso no que foi a sua aposentadoria da seleção, criando um dos momentos mais icônicos de uma Copa do Mundo. Nos pênaltis, a Itália vence as cobranças e é tetracampeã. 

Copa do Mundo de 2010, na África do Sul

Foto: Simon M Bruty/Getty

“This time for Africa”: em 2010 a casa da Copa foi a África do Sul, a primeira vez em que a competição foi realizada no continente, numa Copa bastante marcada pela música Waka Waka da Shakira; pelo som incessante das vuvuzelas nos estádios; e por alguns momentos marcantes dos jogos, como a defesa de mão do Suárez que garantiu o Uruguai nas semis; a solada absurda do de Jong no Xabi Alonso; e a expulsão do Felipe Melo contra a Holanda, que “cementou” a eliminação do Brasil comandado pelo Dunga.

Sem Brasil, as semis também não tiveram a presença das duas últimas finalistas: França, que ficou em último no grupo com direito a briga do time com o técnico Domenech e tudo mais, e da Itália que também ficou em último no seu grupo. E sem a Argentina, que mesmo com Messi tomou um chocolate da Alemanha nas quartas, e Portugal do CR7, que caiu pra Espanha

Nas semis mas sem o Suárez, expulso depois daquela mão na bola, o Uruguai perde para a Holanda de Sneijder, van Persie e Robben, enquanto na outra semi a Alemanha é eliminada para a Espanha, que chega a sua primeira final de Copa do Mundo.

Não só foi a primeira final, como a primeira campanha de destaque dos espanhóis em uma Copa, que até aqui eu mal mencionei. Mas esse foi o ano do “Tiki-Taka”, daquele time que encantava com Xavi, Iniesta e David Villa, que faz um jogo muito pegado contra a Holanda mas vence com gol no final da prorrogação do herói Iniesta.

Aqui no Euro Fut nós também temos um artigo só sobre essa incrível Espanha.

Copa do Mundo de 2014, no Brasil

Foto: picture alliance/Getty

Ahh, a Copa de 2014. Mais uma vez no Brasil, dessa vez a esperança era de que um vexame em casa não se repetisse. A atual campeã Espanha ficou pela fase de grupos, a Costa Rica surpreendeu todo mundo chegando nas quartas, quando foi eliminada para a Holanda que estranhou muita gente quando o van Gaal trocou o goleiro só para os pênaltis e acabou dando certo.

Teve também os golaços, como o do James Rodríguez – artilheiro dessa Copa com 6 gols – e o peixinho do van Persie.

Mas não deu outra senão o dono da casa Brasil como um dos favoritos, com um dos melhores jogadores do mundo no Neymar e com a segurança do Thiago Silva na zaga, que é verdade já vivia sofrendo uma desconfiança depois de chorar antes dos pênaltis contra o Chile. Só que se tava ruim, piorou: nas quartas contra a Colômbia o Thiago toma cartão e fica suspenso das semis, enquanto o Neymar sofre entrada forte do Zúñiga, e machucado fica de fora do resto da Copa.

E aí vem o pesadelo: sem os craques, o Brasil enfrenta a Alemanha nas semis, num dos confrontos mais famosos de todo o futebol: a Alemanha passa o trator, mete 7×1, destrói o Brasil do Felipão e avança para a final.

Do outro lado, a Holanda do trio já mais experiente de Robben, Sneijder e Van Persie enfrenta a Argentina de Lionel Messi, que avança nos pênaltis para a final.

A decisão é marcada por uma Argentina superior mas que perde vários gols com Higuaín e o próprio Messi, com o placar só saindo do zero na prorrogação, quando o Götze sai do banco e garante o título para o tetra da Alemanha, que foi aquele gostinho meio esquisito pros brasileiros: era a equipe que passou o trator na gente ganhando a Copa, mas pelo menos não foi a Argentina, nossa maior rival, levantando o troféu na nossa casa.

Copa do Mundo de 2018, na Rússia

Foto: FIFA

A edição de 2018 foi sediada pela Rússia. A atual campeã Alemanha caiu ainda na fase de grupos, então alguns dos favoritos eram Portugal, que liderado pelo Cristiano Ronaldo venceu a Eurocopa dois anos antes; Brasil, com o talento de Neymar, Coutinho e a solidez do Casemiro; a França de Kanté, Pogba, Griezmann e Mbappé; e a última vice, a Argentina com o Messi doidinho para conquistar um título pelo país.

Argentina e Portugal ficam logo pelas oitavas, enquanto o Brasil não se redime do 7×1 e sai nas quartas, eliminado para a melhor geração da Bélgica com Courtois, de Bruyne, Lukaku e Hazard.

Nas semis, a França despacha a Bélgica, enquanto a grande surpresa do torneio, Croácia, liderada por Rakitić e Modrić vence a Inglaterra de Harry Kane – que terminou como artilheiro com 6 gols marcados.

Os franceses eram amplos favoritos e assim o demonstram: abrem o placar com gol contra do Mandzukić, mas a Croácia ainda empata com o Perisić. Não demora muito para o Griezmann, de pênalti, colocar a França na frente mais uma vez, e no segundo tempo o Pogba amplia e então o Mbappé garante a vitória, que ainda teve um gol do Mandzukić numa trapalhada do Lloris, mas que não impediu a França de erguer a taça.

Copa do Mundo de 2022, no Catar

Foto: Simon M Bruty/Getty

Em 2022 a vigésima segunda Copa era sediada agora no Catar, país sem tradição alguma de futebol e que teve a maior quantidade de polêmicas de um país sede, com violações de direitos humanos e proibição de venda de bebida alcóolica e do uso de braçadeiras com as cores do arco-íris.

O Brasil chegava forte e como um dos principais favoritos com Neymar, Casemiro e Thiago Silva cada vez mais maduros e ainda jogando o fino, no que a estrela do Richarlison também brilhou, mas não impediu a Canarinha de ser eliminada precocemente mais uma vez, agora para a Croácia nas quartas.

Croácia que foi mais uma vez uma das surpresas, mas não mais do que a africana Marrocos, que fez história a ser a primeira seleção do continente a chegar nas semis, quando foi eliminada para a França. Do outro lado, os croatas perderam para a Argentina, que com um Lionel Messi implacável chegava mais uma vez para a grande decisão.

E essa final foi uma das melhores partidas da história do futebol, com os craques Messi e Mbappé se enfrentando num confronto de gigantes. Primeiro o domínio absurdo da Argentina, que marca o primeiro com o decisivo Di María, e depois de pênalti com o Messi.

Quando ninguém esperava uma reviravolta, Mbappé desconta de pênalti e depois marca o segundo em um lindo voleio, levando para a prorrogação. Lá, Messi marca mais um, enquanto Mbappé completa o seu hat-trick para levar para os pênaltis, com vitória da Argentina, tricampeã mundial, enquanto Lionel ganhava enfim o tão sonhado título da Copa do Mundo.

Resumo das Copas do Mundo

Foto: FIFA

Com isso, vale a pena a gente então dar uma resumidona no que foi a Copa do Mundo até então:

Foram 22 Copas do Mundo até o momento, vencidas por 8 países diferentes: Brasil, com 5 títulos; Alemanha, com 4; Itália, também com 4; Argentina, com três; França e Uruguai, com 2 títulos; e Inglaterra e Espanha, com um título cada uma. 

O time com mais vices sem nunca vencer é a Holanda, que parou na Final em 3 ocasiões, seguida da Hungria e Tchecoslováquia, na final 2 vezes.

Das 22 Copas, ela só foi vencida pela anfitriã em 6 ocasiões.

O maior artilheiro das Copas é o alemão Miroslav Klose, com 16 gols marcados, enquanto o que mais marcou em uma única edição foi o Just Fontaine, com 13. 

O jogador que mais vezes venceu a Copa foi o Pelé: 3 vezes. E só tem um time que disputou todas as Copas do Mundo: o Brasil.

Brasil: tudo que mudou desde o 7×1

Artigo escrito originalmente como roteiro para o vídeo acima.

No dia 8 de Julho de 2014 o Brasil viveu o maior vexame de sua história, quando no Mineirão lotado tomou gols de Muller, Klose, dois do Kroos, Khedira e dois do Schurrle pra perder de 7×1 da Alemanha e virar piada no mundo inteiro. Oito anos depois, a Seleção Brasileira chega pra Copa do Catar com um ataque estrelado e como uma das principais favoritas. Como a gente foi do momento mais baixo da Seleção pra esse? É isso que vamos tentar entender hoje.

Copa de 2014

Em 2014, o clima para a Copa no Brasil era o melhor possível, com a nossa seleção sendo uma das favoritas no torneio, especialmente por jogar em casa e por ter vencido a Copa das Confederações com um 3×0 contundente pra cima da Espanha, atual campeã do mundo e bicampeã da Eurocopa.

O Brasil tinha tido problemas pra achar seu técnico desde a conquista do Penta, e então depois de passagens não satisfatórias de Dunga e Mano Menezes, encontra no Felipão, justamente o técnico da conquista de 2002, o comando para a Copa de 2014.

O time titular do Brasil tinha então Júlio César no gol, Dani Alves na lateral direita, uma dupla de zaga com Thiago Silva e David Luiz, e Marcelo na lateral esquerda. O meio campo era composto por Luiz Gustavo, Paulinho e o meia atacante Oscar, enquanto lá na frente o Hulk jogava na direita, o Fred era o 9 e o grande jogador da equipe, Neymar, na ponta esquerda.

Talvez um prelúdio do que vinha a acontecer, o primeiro gol da Copa, no jogo contra a Croácia, foi justamente contra do Marcelo. Ainda assim o Brasil vence seu grupo e avança para as oitavas, no que seria o primeiro dos grandes jogos marcantes: a seleção apenas empata contra o Chile, quase perdendo no finalzinho, mas o que mais marcou foi o choro do capitão Thiago Silva: uma demonstração do fraco psicológico desse grupo.

Foto: Laurence Griffiths/Getty

Agora nas quartas contra a Colômbia, outro jogo marcante: o Thiago leva amarelo e é suspenso das semis, enquanto o Neymar leva uma joelhada criminosa do Zuñiga, se machuca e fica de fora do restante da Copa.

Para as semis a conclusão era de que a Alemanha era a favorita, mas em casa o brasileiro ainda acreditava em uma vitória. Agora com Maicon na lateral direita, Fernandinho no lugar do Paulinho, Dante no lugar do Thiago Silva – ele que jogou muitos anos no Bayern e então “conhecia bem os alemães” – e Bernard substituindo o Neymar, o Brasil toma então o famoso chocolate, 5 gols nos primeiros 30 minutos e um placar de 7×1 eternizado na memória de todo fã de futebol.

O choque foi muito grande, e ninguém conseguia explicar o que tinha acontecido. Pro Felipão foi um apagão, e nem a escalação nem a tática foram os fatores decisivos. Para alguns da imprensa, ficava claro que os técnicos brasileiros estavam ultrapassados, e que quem sabe um técnico estrangeiro com novas ideias pudesse ser a solução para a nossa seleção. Para outros, a geração era fraca, e a ausência de Neymar – como nas semis – destacava essa falta de craques.

Pensando no futuro, a CBF anuncia então o novo treinador da Seleção Brasileira… Dunga.

De novo Dunga?

Foto: Gabriel Rossi/Getty

Antes da primeira passagem, o Dunga nunca havia comandado um clube de futebol. Aí ele perde a Copa de 2010 com o Brasil, é demitido, assume o comando do Internacional, vai mal e é demitido de novo e fica sem clube até voltar pra Seleção em 2014. E ninguém entendeu essa decisão.

Mesmo assim, Dunga deu uma renovada na Seleção, e em 2015 teve seu primeiro desafio com a Copa América no Chile. Para o primeiro jogo contra o Peru, o Brasil foi com Jefferson no gol, Dani Alves na direita, Miranda e David Luiz na zaga e Filipe Luís na lateral esquerda. O meio tinha Fernandinho, Elias e Fred, enquanto o Willian era o ponta direita, Diego Tardelli o centroavante e o Neymar jogava na esquerda. Nessa época, e especialmente olhando os outros jogadores criativos do time, se falava muito em uma “Neymardependência” dessa equipe. 

Para as quartas contra o Paraguai ela ia ser testada de vez, já que o Neymar tinha sido expulso na fase de grupos e acabou suspenso da competição inteira. O time agora tinha também outras mudanças, como as entradas de Philippe Coutinho e Roberto Firmino, mas elas não surtiram efeito e o Brasil foi eliminado nos pênaltis. Novo ano, novo técnico, novos jogadores, e a seleção tinha os mesmos problemas.

Mesmo depois do vexame, o Dunga permaneceu no cargo e teve mais uma chance de se provar, agora na Copa América de 2016 lá nos Estados Unidos. E mais uma vez a Seleção não teve a presença do Neymar, que convocado para as Olímpiadas foi barrado pelo Barcelona de disputar a Copa América. 

Foto: Ira L. Black/Getty

Para o primeiro jogo o Brasil tinha agora Alisson no gol, Daniel Alves, Marquinhos, Gil e Filipe Luís na linha de defesa. Casemiro era o volante, com Elias e Renato Augusto completando o meio campo, Willian na direita, Coutinho na esquerda e Jonas, na época no Benfica, jogando de 9, e esse time empata com o Equador por 0x0. Em seguida, vence o Haiti por 7×1, um placar curioso.

Com uma vitória e um empate, o Brasil foi para o último jogo da fase de grupos, contra o Peru, precisando de apenas um empate para avançar. O time agora não contava com o Casemiro, suspenso depois de dois amarelos, e com Miranda na zaga, Lucas Lima na armação e o Gabigol lá na frente, conseguiu realizar mais um vexame, perdendo de 1×0 para o Peru e sendo eliminado mais uma vez. Depois de dois anos do 7×1, parece que nada tinha mudado, e toda a receita para a tragédia vinha sendo seguida à risca. Dunga foi enfim demitido.

Alguns dias depois o Tite foi anunciado como novo técnico da Seleção Brasileira, e nos próximos anos todo esse clima ia ser trocado por um de esperança.

A luz no fim do túnel

Foto: Buda Mendes/Getty

Diferente do Dunga, o Tite foi chamado justamente pelo seu último trabalho, quando comandando o Corinthians venceu a Libertadores e o Mundial em 2012, além do Campeonato Brasileiro duas vezes, em 2011 e 2015, sendo considerado nesse momento então o melhor técnico brasileiro em atividade, e um grande consenso entre imprensa e torcida para assumir a Seleção.

Mas antes de falar do Brasil do Tite, era outra Seleção que dava esperança para o futuro: a Olímpica.

Acontece que a Seleção Masculina nunca havia conseguido o ouro nas Olimpíadas, sendo esse o único título que faltava para o Brasil, que entrou pesado em 2016 com a convocação do próprio Neymar, que ficou de fora da Copa América justamente para conseguir a medalha nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

O time comandado por Rogério Micale não encanta, sofre inclusive muitas críticas, mas avança até a final contra a Alemanha, que seria então de certa forma uma chance de revanche. A vitória veio suada, só depois dos pênaltis, mas foi um alento para uma Seleção que colecionava vexames há um tempinho. E mais do que o título, os jovens desse time já mostravam um baita potencial para o futuro, especialmente o quarteto de ataque, que além de Neymar tinha também o Luan, Gabigol e Gabriel Jesus, todos com aquela cara de que seriam o futuro da Seleção Brasileira. Fica o spoiler: não foram, mas aí é outra história.

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Agora a seleção principal tinha um novo norte, com os homens de confiança de Tite somados aos jovens que se destacaram nas Olimpíadas formando a convocação do treinador, que para as Eliminatórias para a Copa de 2018 tinha como base o Alisson no gol, aí naquele 4-1-4-1 famoso do Tite a zaga tinha Daniel Alves, Miranda, Marquinhos e Marcelo. O Casemiro era o volante, na linha do meio o Willian na direita – que eventualmente foi substituído pelo Coutinho -, Paulinho, Renato Augusto, Neymar e na frente o Gabriel Jesus

E era um outro time em campo, dominando os adversários e mostrando uma solidez defensiva que há muito tempo não era vista. Isso além de um time mais coletivo, que é verdade ainda tinha muita influência da estrela Neymar, mas que não dependia só dele, e teve o Paulinho como elemento surpresa marcando gols e o Jesus artilheiro como grande destaque das Eliminatórias, com o Brasil se classificando em 1º e sem sustos.

Copa de 2018

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Só que o pré-Copa teve sim vários: o Daniel Alves, lateral-direito da Seleção por muitos anos, teve uma lesão grave no joelho, passou por cirurgia e ia ficar de fora da Copa: e justamente em uma posição muito carente da Canarinha, com Danilo e Fagner disputando agora a vaga. Mas teve uma pior: Neymar fratura o quinto metatarso do pé direito e vira dúvida para a competição, e mais uma vez perigava do Brasil ter que se virar sem o seu principal craque.  

Acaba que ele consegue se recuperar e vai para a Copa na Rússia, mas claramente sem estar 100%. Seria a prova de fogo pra ver se a Neydependência estava finalmente longe da seleção.

Para o primeiro jogo da fase de grupos contra a Suíça, a equipe contou com algumas novidades daquele time base do Tite: Alisson continuava no gol, enquanto Danilo era o lateral direito. Na zaga, o Adenor optou pela experiência de Thiago Silva e Miranda, deixando no banco o Marquinhos, que vinha quase sempre jogando com ele, enquanto o Marcelo era o lateral esquerdo.

O Casemiro era o volante e a rocha no meio-campo, agora com Paulinho e Coutinho à frente, enquanto o trio de ataque era o mesmo: Willian, Jesus e Neymar, no empate contra a Suíça. 

Nessa Copa, se os três principais nomes das Eliminatórias não estavam indo bem, coube a um jogador só suprir todas essas funções: se o Paulinho não aparecia muito, era o Philippe Coutinho que fazia sua função de elemento surpresa e aparecia bem na área. Se o Gabriel Jesus esqueceu como marcar gols, foi o Coutinho que marcou para o Brasil. E se o Neymar não estava recuperado, o Coutinho assumiu o posto de craque dessa equipe.

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O Brasil avança então com um 2×0 pra cima da Costa Rica e mais um 2×0 contra a Sérvia, e nas oitavas pegava o México, num jogo bastante duro vencido mais uma vez por 2×0, mas com uma notícia ruim: Casemiro tomou o segundo amarelo e estava fora das quartas. Parecia a mesma história de todas eliminações até então: Brasil chega num momento decisivo sem o Ney – ou com ele jogando no sacrifício – e com um pilar defensivo suspenso pra partida.

As quartas foram contra a Bélgica, e o time tinha agora o Fagner na lateral direita – ele que ganhou a posição ainda na fase de grupos – e Fernandinho pra suprir a ausência na volância. O resultado foi mais uma eliminação, com o volante primeiro marcando contra de cabeça e depois falhando de novo pro segundo gol da Bélgica, que avançou com o 2×1 para as semis.

Daria para colocar toda a culpa em cima do Fernandinho como muitos fizeram, mas a verdade é que essa derrota era mais uma em decorrência dos diversos problemas sistêmicos da Seleção: a falta de variação e profundidade no elenco, que tornava essas suspensões em uma sentença de eliminação; a dependência no Neymar, que quando não jogava ou não estava inspirado deixava o time na mão; e a insistência em jogadores que iam muito bem nos seus clubes mas que nunca jogaram bem na Seleção: era o caso do Daniel Alves, do Marcelo, e agora do Fernandinho

Tite vai encaixando o time

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O Tite permaneceu no comando, e tinha agora um próximo objetivo em mente: a Copa América de 2019, sediada justamente no Brasil. A Canarinho também contou com algumas mudanças, mas para a competição um velho problema se repetiu: Neymar torceu o tornozelo, rompeu os ligamentos e estava de fora da Copa América. Parece disco arranhado, mas era mais uma vez o craque da Seleção dando azar e deixando o Brasil na mão.

Para a estreia contra a Bolívia, o time tinha Alisson no gol, Dani Alves de volta na direita, Thiago Silva e Marquinhos formando a dupla de zaga titular com Filipe Luís na lateral esquerda. No meio uma dupla de volantes: Casemiro e Fernandinho; Coutinho era o meia armador da equipe, que tinha as novidades Richarlison na direita, David Neres na esquerda e Roberto Firmino no comando de ataque, vencendo num confortável 3×0.

O Brasil então empata em 0x0 com a Venezuela, e vence o Peru por 5×0, numa goleada que deveria passar confiança, mas trouxe à tona um trauma do passado: Casemiro recebeu o segundo amarelo e estava fora das quartas. Parece disco arranhado, mas foi isso mesmo.

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Sem também o Fernandinho, machucado, o time jogou agora contra o Paraguai com Allan e Arthur no meio-campo, com Jesus na ponta direita e o craque dessa competição, Éverton Cebolinha na esquerda. Só que a partida fica no 0x0 e vai pros pênaltis, o que era jogar sal na ferida do Brasil, que numa história cheia de repetições lembrava daquela eliminação em 2015 também nas quartas, também contra o Paraguai e também nos pênaltis. Mas o Brasil joga o trauma pra longe, vence e avança pras semis. 

Agora com o Casemiro de volta o Brasil despacha a Argentina de Messi por 2×0 e chega na final, contra o Peru que a Seleção já tinha aplicado uma goleada, e vence por 3×1, garantindo não só a Copa América, como também a confiança numa Seleção que voltava a vencer e convencer, e mesmo sem contar com o Neymar, com um time que começava a mostrar uma variedade legal de peças.

Sem problemas nas Eliminatórias para a Copa do Catar, em 2021 a Seleção teve mais uma edição de Copa América para disputar, e mais uma vez ela acabou sendo no Brasil.

Foto: Wagner Mendes/Getty

Se antes existia uma desconfiança, agora a Canarinho era a ampla favorita, ainda mais porque ia ter o Neymar podendo jogar – só que agora sem a pressão de ser o único craque da equipe. Para o primeiro jogo da fase de grupos contra a Venezuela, Alisson continuava estável no gol, com uma linha de defesa formada pelo Danilo, Militão, Marquinhos e Renan Lodi mostrando uma renovação. O volante Casemiro tinha com ele Fred e Paquetá formando o meio-campo, enquanto Jesus, Richarlison e Neymar faziam o trio de ataque na vitória por 3×0.

A gente vence então a fase de grupos depois de um 4×0 em cima do Peru, 2×1 na Colômbia e 1×1 contra o Equador, que contou com um revezamento estratégico muito importante, tendo o Casemiro poupado algumas vezes pra dar lugar ao Fabinho, o que não só mostrava uma alternativa muito interessante para a posição, como evitava uma nova suspensão do camisa 5.

Finalmente com o time completo, o Brasil vence o Chile nas quartas por 1×0, o Peru nas semis pelo mesmo placar e vai então decidir a final contra a grande rival Argentina. Tudo parecia encaixar: time completo, reservas dando conta, jogo em pleno Maracanã. Mas num erro individual do Lodi com golaço do Di María os hermanos abrem o placar, e mesmo com o jogo inteiro para tentar empatar o Brasil não consegue, e vê sua maior rival ser campeã em sua casa. 

Pré-Copa de 2022

Foto: Simon M Bruty/Getty

A Copa América terminou com um gosto muito amargo na boca, mas dava pra tirar várias coisas positivas de um time que estava encaixado e – fora erros individuais – era muito sólido defensivamente.

Com a liderança nas Eliminatórias, o Brasil ia cada vez mais se tornando um dos favoritos para a Copa do Mundo no Catar, e vários daqueles erros do passado iam ficando justamente lá, no passado.

Então aquela teimosia em nomes que não davam certo estava indo um pouco embora, com o Daniel Alves sendo a principal remanescência dessas insistências do Tite, muito por não ter opções boas na lateral direita, a grande carência da equipe.

A dependência no Neymar também já foi basicamente embora, agora com ele nessa função mais de meia contribuindo para o jogo e dando soluções para os companheiros, que conseguem apresentar um bom futebol mesmo sem ele, como foi visto quando outros caras como o Coutinho e até o Éverton Cebolinha – que não vem mais sendo convocado – assumiram a responsa.

Sem contar nessa explosão de pontas em ótima fase, com o Raphinha assumindo a ponta-direita e hoje jogando no Barcelona; o Antony também vindo bem na direita do Ajax e agora do Manchester United; o polivalente Rodrygo se mostrando um jogador extremamente decisivo no Real Madrid; Gabriel Martinelli indo muito bem no Arsenal e correndo por fora; e a principal delas, Vinícius Junior se tornando um dos grandes jogadores dessa temporada, vencendo a Champions com o Real Madrid e indo pra Copa como o 8º melhor jogador do mundo. E quase todos eles que, ainda tão cedo como em 2019, nem eram convocados.

E a variedade que deixava o Brasil na mão tá presente agora e não só no ataque. Vamos imaginar a provável escalação da Seleção pra Copa: Alisson no gol, Danilo na lateral direita, com Thiago Silva e Marquinhos na zaga e Alex Sandro na esquerda. Casemiro é o volante, com Fred à frente e Neymar de meia atacante; na ponta-direita o Raphinha, no ataque Richarlison ou Jesus, e na esquerda o Vini Jr. 

Se não tiver Alisson, tem na reserva o Éderson, considerado 3º melhor goleiro do mundo na votação da Bola de Ouro; para a zaga, o Militão é o reserva imediato, em ótimo momento depois de vencer a Champions. Sem Casemiro, Fabinho já mostrou que pode fazer um ótimo trabalho. No meio campo, Bruno Guimarães vem se destacando no Newcastle, e o Paquetá vem sempre bem como meia atacante quando joga na Seleção. São muitas peças de qualidade.

Fica a principal ressalva: o camisa 9. Em 2014 foi o Fred, que não fez um bom trabalho e deixava claro que era uma lacuna da equipe. Quando surge o Gabriel Jesus ele parece ser a opção perfeita, mas a ausência de gols na Copa de 2018 colocou sua titularidade em cheque. Desde então Firmino e Richarlison já foram testados na posição, mas o Firmino nunca conseguiu repetir o sucesso de Liverpool com a amarelinha, enquanto o Richarlison oscila bons e maus momentos. Uma solução “caseira” é o Pedro, jogador hoje do Flamengo e que é o mais perto de um 9 que o Brasil tem hoje, mas que foi ainda muito pouco testado pelo Tite, e talvez por isso nem vá para a Copa.

8 anos depois do 7×1, o Brasil tem agora um time mais encorpado, melhor treinado e com os jogadores vivendo um ótimo momento: por tudo isso , a insegurança foi embora e a esperança na Seleção voltou a brilhar os olhos do país, e sem dúvida o time que chega para a Copa no Catar pode não vencer, o futuro a gente não sabe, mas chega muito forte pra brigar pelo título.

Esse artigo foi escrito em Novembro de 2022, antes da Copa do Mundo do Catar. Na Copa vimos que infelizmente grandes problemas do passado retornaram: Neymar se machuca, e Casemiro fica a um cartão amarelo de ficar suspenso, e com isso não faz a falta em Luka Modrić que gera o empate da Croácia. E mais uma vez, psicológico fraco de um grupo que, antes da Copa, teve um acompanhamento psicológico negado pelo treinador da equipe, que hoje não comanda mais ela.

Euro d’Or – Outubro/22

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