O caminho para a destruição do Barcelona

Esse artigo foi originalmente escrito como roteiro para o vídeo acima lançado no dia 21 de Agosto de 2021.

Como que o gigante Barcelona, que encantou todo mundo com Ronaldinho, Messi, o time do tiki-taka e depois até do trio MSN, conseguiu cair tanto e ter tantos problemas? Hoje vamos passar pelos principais motivos que levaram à destruição do Barcelona que ocasionou na saída do Messi do clube.

O começo da destruição

Foto: David Ramos/Getty

Ninguém sabe de todos os mínimos detalhes do que aconteceu nos bastidores do clube, mas dá pra ter uma noção pelos setoristas e jornalistas que cobriram o Barcelona todos esses anos e tinham fontes internas, e segundo por tudo que já foi divulgado e falado publicamente por ex-funcionários e jogadores do Barça.

Com isso em mente, quando a gente pensa no principal culpado por levar o time à essa situação, tem um nome que tá na ponta da língua: Josep Maria Bartomeu, conselheiro do clube de 2003 até 2005, depois vice-presidente a partir de 2010, e enfim presidente do clube a partir de 2014 e até 2020. E se a gente traçar uma linha do tempo e acompanhar a trajetória dele no comando do Barcelona, dá pra ter uma imagem bastante clara do que ele fez para colocar o clube nessa situação.

A decaída do Barcelona começa com a contratação do Neymar em Junho de 2013. É claro que o Neymar como jogador não tem nada a ver com isso, foi muito bem e participou de umas melhores gerações do clube, o problema foi na parte financeira de sua contratação, extremamente conturbada.

A polêmica envolve um grupo de investidores que se sentiu trapaceado financeiramente pelo Santos, o próprio Santos que se sentiu enganado pelo Barcelona por não terem realizado um amistoso previsto no contrato, e especialmente pelo paradeiro do dinheiro que o Barça pagou para o Santos.

Começa no valor da transferência, que segundo o Barcelona foi de 57.1 milhões de euros, mas o Santos só teria recebido 17.1 milhões, enquanto grande parte dessa grana teria ido para uma empresa do pai do Neymar, e o resto para aquele fundo de investidores. Só que além disso, houve uma acusação de que o valor teria sido de 95 milhões de euros, e que o presidente na época, Sandro Rosell, não teria declarado esse dinheiro para poder fugir dos impostos e ainda teria usado ele como parte dos salários do Neymar.

Quem tem que decidir o que aconteceu ou não é o judiciário espanhol, e depois de longa investigação o Sandro Rosell até chegou a ser inocentado, mas o impacto disso na época foi muito grande e a pressão do conselho “obrigou” o presidente a pedir demissão: assim, o vice-presidente Bartomeu assumiu o comando.

A era Bartomeu

Foto: Gonzalo Arroyo Moreno

Já em 2014 com o Bartomeu presidente, começa o primeiro desafio: acontece que a compra de alguns jovens jogadores pelo Barcelona entre 2009 e 2013 foi investigada pela FIFA e considerada como exploração dos atletas, e com isso o Barça foi punido e impedido de contratar por duas janelas de transferências. Era para já entrar em vigor em 2014, mas o clube recorreu à justiça e a punição foi adiada só para o ano seguinte, com o clube podendo então fazer ainda algumas contratações.

Essa janela do Barça foi controversa, mas de maneira geral vista com bons olhos. O técnico Luis Enrique foi contratado, ídolo do clube como jogador, e isso agradou a torcida. Dois goleiros também chegaram, Claudio Bravo e o Ter Stegen. Com a saída de jogadores como Alexis Sánchez e Fábregas, o clube supriu com as chegadas de Luis Suárez e do meia Rakitić, os dois que jogaram muito bem pelo clube.

Além deles, a chegada de três jogadores já dava um gostinho do que seriam as más decisões do Bartomeu: O defensor Mathieu de 30 anos, e também o zagueiro Vermaelen, de 28, que viveu uma carreira cheia de lesões, vieram por pouco mais de 20 milhões de euros cada, e a decisão em trazer jogadores mais velhos por esse valor não foi bem vista. E mais bizarro ainda o lateral direito Douglas, vindo do São Paulo, que foi uma contratação que ninguém entendeu e nem entende hoje o motivo, que ocupava na reserva o lugar que algum jogador da base poderia ter ocupado. Essa inclusive que se tornará reclamação frequente nos mandatos do Bartomeu, que contratava jogadores que a torcida considerava medíocres para o banco de reservas, ao invés de dar oportunidade para jogadores da base que acabavam saindo.

O trio MSN

Foto: David Ramos/Getty

Essa temporada foi muito marcante para o clube, especialmente pelo contraste entre o desempenho em campo com o tumulto interno do Barcelona. Muito devido à punição que o time sofreu, o diretor de futebol e ex-jogador Zubizarreta foi demitido, e com ele seu assistente, o já aposentado Puyol, também pediu demissão. Eles eram vistos com bastante carinho por alguns jogadores – como o Messi – e a saída deles não pegou muito bem.

Só que em campo os reforços deram certo e o time estava muito bem, e assim foi nessa temporada 2014/2015 que surge o trio MSN e o Barça consegue a tríplice coroa na temporada, a mais vitoriosa do clube desde então. Logo após a conquista há uma eleição para presidente do clube e o Bartomeu, que atuava como interino, vence por grande margem e se garante no comando do clube por mais alguns anos.

Lembra que o Barcelona tinha sofrido uma punição e não poderia contratar? Então, mesmo sabendo que eles só poderiam ser registrados em 2016, o clube resolveu ainda assim contratar alguns jogadores: o lateral-direito Aleix Vidal por um total de 22 milhões de euros, e o meia Arda Turan, por um valor que podia chegar até  41 milhões.

O maior problema disso tudo foi justamente a punição que o clube cumpria, que deixou os dois só podendo treinar pela metade da temporada, e depois quando finalmente puderam jogar e ganhar ritmo de jogo já era o meio de 2016 com a temporada acabando, então não tinha muito o que fazer. Eles nunca renderam no time e principalmente o Turan foi alvo de muitas críticas, já que nunca conseguiu repetir o desempenho do Atlético de Madrid, enquanto ganhava um salário muito alto para apenas esquentar o banco

Foto: Cesar Manso/Getty

Se isso não bastasse, a temporada 2016/2017 já começava com uma janela de transferências bastante questionável: um “chapéu” no Real Madrid para contratar o meia português André Gomes, com valores que poderiam chegar até 55 milhões de euros, 30 milhões no atacante Paco Alcácer, 13 milhões no goleiro Cilessen, e 16 milhões e meio no lateral-esquerdo Lucas Digne.

É muito dinheiro para nenhum dos reforços dar certo no clube. André Gomes foi visto como uma piada de tão mal que jogou, e o valor alto pago nele não ajudou em nada. Paco Alcácer veio para ser reserva do Suárez e por isso não jogou tanto, assim como o Cilessen que chegou para o banco. A contratação do Lucas Digne, que veio para ser reserva do Jordi Alba na lateral esquerda estranhou a muitos, já que o time não tinha ninguém de nível para assumir a direita. Essa janela já começava a mostrar a falta de planejamento do clube.

Mesmo com más contratações e a bagunça interna, o Barcelona ainda estava longe de ser ruim: é verdade que nessa temporada ganhou apenas a Copa do Rei e a Supercopa da Espanha, mas esse foi o ano da remontada sobre o PSG, na histórica virada para vencer o time francês na Champions por 6×1 e avançar para as quartas de final. Só que já nas quartas foi eliminado para a Juventus, e terminou a temporada em segundo lugar na La Liga, o que para aquele timaço foi pouco. No final dessa temporada o treinador Luis Enrique anunciou sua saída do clube – nesse caso nada indica que foi briga com o presidente, mas ainda assim a decisão chocou o vestiário que gostava bastante dele.

Ernesto Valverde e o “toca pro Messi”

Foto: David Ramos/Getty

A remontada ajudou muito a dar uma moral pro clube, mas nessa temporada 2017/2018 o ânimo do time ia por água abaixo mesmo ganhando a liga espanhola. O Barcelona anuncia o técnico Ernesto Valverde para o comando do clube, o que gera opiniões mistas: ele vinha de um bom trabalho no Athletic Bilbao e o seu começo foi bom, especialmente na parte defensiva, mas existiam críticas a maneira “chata” que o time jogava e também da dependência de quase sempre ter que depender do Messi pro time criar alguma chance.

Mas o que deu o que falar nessa temporada não foi o técnico e sim a saída de Neymar para o Paris Saint-Germain, que surpreendeu até a seus companheiros de time. Não tinha o que o presidente fazer, afinal o PSG pagou a multa rescisória de 222 milhões de euros, mas é mais um ponto ali que enfraqueceu o vestiário, já que ele era muito amigo do Messi e do Suárez.

Com todo esse dinheiro e com algumas lacunas para serem preenchidas no time, o Barcelona resolveu contratar alguns jogadores. Primeiro, já pra ser o substituto do Neymar, o Barça contrata o Ousmane Dembélé, por um valor que poderia chegar a 135 milhões de euros, mais da metade do dinheiro que eles tinham acabado de receber pelo Neymar.

O clube também contratou o lateral-direito Nelson Semedo por 35,7 milhões de euros que não deu certo e já nem está mais no time. Chegou também o Deulofeu, que era jogador das categorias de base do Barcelona, não foi aproveitado, saiu, e agora tinha sido contratado de novo. E adivinha? Quase não teve chance e eventualmente foi vendido mais uma vez.

A principal contratação foi a de Philippe Coutinho por 130 milhões de euros mais variáveis. Foi o resto do “dinheiro do Neymar” digamos assim, porque saiu até mais caro, mas a tentativa era de trazer alguém de peso para dividir o protagonismo com o Messi. Funcionou? Não…

Foto: David Ramos/Getty

A última e mais bizarra das principais contratações foi o volante Paulinho, por 40 milhões de euros, vindo do clube chinês Guangzhou Evergrande. Esse valor por um jogador com o estilo completamente diferente do Barcelona, ainda vindo de uma liga muito inferior como a China levantou muitos questionamentos por parte da imprensa e da torcida. Mas por mais estranho que fosse, na sua única temporada ele jogou bem, ganhou a La Liga com o Barcelona, e viu o time perder pouquíssimas vezes: justamente o 3×0 da Roma contra o Barça, eliminando o time catalão depois de um 4×1 em casa, visto como um enorme vexame na época.

Os jogadores, e o Messi incluso, não pareciam mais ter confiança no trabalho do treinador ou da diretoria, que foi muito mal no mercado e falhou em trazer um cara pra dividir a responsa com o Messi. Tudo indicava uma mudança… 

Mas não aconteceu, porque o Valverde permaneceu no comando do clube e chegou até a ter seu contrato renovado. Então para a temporada 2018/2019 tivemos ainda mais mexidas no time que de novo não deram resultado. Pra começar o Paulinho, que depois da boa temporada finalmente convenceu a torcida, foi emprestado de volta para o Guangzhou com opção de compra em 42 milhões de euros, e todo mundo ficou sem entender nada do que aconteceu.   

E as vindas dessa janela são uma combinação de azar com mau planejamento: o Malcom veio do Bordeaux por 41 milhões de euros, o zagueiro Lenglet por 35.9 milhões, o meio campista Arthur, vindo do Grêmio por 31 milhões, e o Arturo Vidal, por 18 milhões do Bayern. E ainda teve a chegada do Kevin PrinceBoateng, mais uma extremamente questionável.

Foto: Chris Brunskill/Getty

Nenhum deles deu certo: O Vidal nunca conseguiu se encaixar com o estilo do time e eventualmente saiu de graça, e o Malcom no Barcelona não conseguiu mostrar seu futebol. O Arthur tinha o “DNA do Barça” mas isso não adiantou de nada e ele também não rendeu o que se esperava. O Lenglet veio como um zagueiro promissor, e depois chegou a ser considerado o pior do elenco, com a torcida pegando muito no pé dele por causa de falhas como penaltis e gols contra.

Ainda assim o time venceu a La Liga muito por causa de um cara chamado Lionel Messi que marcou 36 gols e deu 13 assistências na competição – líder em ambas – mas a sua liderança não foi o bastante para evitar mais um vexame: depois de um 3×0 em casa contra o Liverpool pela semi-final da Champions, perde fora de casa por 4×0, naquele famoso jogo do escanteio curto cobrado pelo Alexander-Arnold, de um time claramente desfocado e sem concentração.

Começava então a temporada 2019/2020 e mais uma vez a estratégia do Bartomeu era sair contratando jogadores fizesse sentido ou não. Eles contratam o goleiro Neto do Valencia enquanto o Valencia compra o Cilessen, no que pareceu muito uma troca mas oficialmente não foi – já que foi uma manobra para burlar o fair play financeiro. O Coutinho, que não vinha sendo aproveitado, foi emprestado para o Bayern.

Também teve a contratação do Junior Firpo para ser o lateral esquerdo reserva, e a dos meias Pedri por 5 milhões de euros – que passou ainda mais uma temporada no Las Palmas – e do Frenkie de Jong, por 86 milhões de euros, o que é muita grana, mas dá até pra dizer que valeu a pena. Também teve a contratação do Griezmann por 120 milhões de euros, em mais uma tentativa frustrada de achar um novo companheiro pro Messi. Teve a chegada do Braithwaite, que veio fora da janela como uma “contratação de emergência” devido à lesão grave do Dembélé.

Setién e a troca de passes

Foto: David Ramos/Getty

O time não ia bem e o Bartomeu resolve fazer uma mudança: demite o Valverde no meio da temporada para a contratação de Quique Setién, que logo impressionou por um time que não parava de trocar passes e mais passes como nos velhos tempos de tiki-taka. Mas mesmo tendo a posse de bola todo jogo, o time ia de mal a pior e continuava com a mesma estratégia de sempre: deixa que o Messi resolve.

Mas não é sempre que ele consegue resolver, e além de não ganharem a La Liga, sofrem o terceiro vexame seguido na Champions, dessa vez de longe o pior de todos: derrota por 8×2 para o Bayern de Munique, com direito a sal na ferida porque contou também com dois gols do Coutinho, que pertencia ainda ao Barcelona.

Nisso, o Setién foi demitido e o diretor de futebol, o ex-jogador Abidal, também. O clima era o pior possível e o Messi teria inclusive pedido para sair por causa desse ambiente péssimo.

Só não aconteceu porque ele tinha contrato, o Bartomeu não queria deixar ele sair – o que deixou o clima entre eles o pior possível – e sua multa rescisória era de 600 milhões de euros: ainda mais no meio da pandemia, nenhum clube tinha condição de pagar essa grana, e mesmo contra a sua vontade, ele ficou para o que seria sua última temporada no Barcelona.

O clima pesado acabou se tornando criminoso quando uma investigação foi feita ao Bartomeu sobre supostas campanhas online que ele teria financiado, com o dinheiro do clube, com o objetivo de difamar o candidato à presidência Laporta e até alguns jogadores, como o Piqué e o Messi.

Ronald Koeman e mais do mesmo

Foto: David Ramos/Getty

Só que enquanto isso acontecia a temporada 2020/2021 ia começando, e com ela novamente o ciclo das contratações: o técnico Ronald Koeman é anunciado, e o clube contrata o meia Pjanić por 60 milhões de euros, o ponta português Trincão por 31 milhões, e Sergiño Dest, mais uma tentativa de achar um lateral-direito que não funcionou.

Nenhum deles na verdade, já que o Trincão nunca conseguiu se provar enquanto o Pjanić também não teve tantas chances como titular e quando teve, não foi bem.

Vale lembrar também que isso tudo aconteceu em época de pandemia, quando o Barcelona pediu para que seus jogadores reduzissem 70% dos seus salários devido aos problemas financeiros que o clube passava. Aí os jogadores aceitam, e no dia seguinte o Bartomeu usa o dinheiro que economizou para várias contratações e seus salários. Não bastasse isso, o time também anuncia a saída do ídolo Luisito Suárez por 7 milhões de euros para o Atlético de Madrid.

Imagina o Messi nesse momento: pediu para sair, o presidente não deixou, aí aceitou reduzir em mais da metade o seu salário só para o clube usar esse dinheiro para trazer mais jogadores. E ainda por cima um dos seus melhores amigos no clube é vendido a preço de banana… se ele estava chateado foi com total razão, e essa rixa só chegou ao fim quando o Bartomeu anuncia sua demissão do clube, e alguns meses depois Joan Laporta é eleito o novo presidente.

Laporta e a esperança de um futuro melhor

Foto: Lluis Gene/Getty

Só que esportivamente tem mais um vexame, e o time é eliminado da Champions pelo PSG nas oitavas de final, com direito a um 4×1 em Barcelona. E também a pior colocação na La Liga desde a temporada 2007/2008, ficando em terceiro lugar. O pior? Quem vence é o Atlético de Madrid, novo time do Suárez.

Mesmo assim, o Laporta começou a janela de transferências de maneira muito mais conservadora que seu antecessor, e anunciou para a temporada 2021/2022 o Memphis Depay e o Agüero, ambos vindos de graça para o clube. O Agüero que é muito amigo do Messi, e sem dúvida foi uma contratação que também serviu pra agradar ele, que parecia cada vez mais que ficaria no clube.

Até que no dia 5 de Agosto de 2021, que sem dúvida ficará marcado para sempre na história do futebol, o Barcelona anuncia em seu perfil oficial que o Messi vai sair do Barcelona e pega todo mundo de surpresa.

A saída do ídolo

Foto: Paul Barrena/Getty

O problema acabou sendo mesmo financeiro, e a má gestão do clube por quase uma década foi o bastante para acabar com a estadia do maior ídolo da sua história.

A cada janela era uma contratação atrás da outra, a maioria sem cabimento, e de jogadores que acabavam saindo depois de graça ou por um preço muito menor sem nunca dar retorno esportivo. Uma hora a conta chega, e infelizmente para o futebol, chegou na hora de renovar com o Messi.

O Laporta no dia seguinte ao anúncio deu uma coletiva explicando que tanto o clube quanto o Messi queriam renovar, mas a crise financeira impediu. Basicamente existia uma escolha que o presidente poderia fazer, que era entrar em um acordo com a La Liga e um fundo de investimentos para receber 270 milhões de euros, o que ajudaria com a renovação do Messi e outros problemas salariais, mas que teriam que ceder os direitos de televisão do clube por 50 anos. Então entre o clube e o jogador, escolheu o Barcelona, e a história dos dois chegou ao fim.

Tudo isso explica o declínio do Barcelona nesses últimos anos até a saída do Messi. O que vai acontecer agora a gente não sabe, mas tem muita coisa ainda pra acontecer: tanto com o Messi como com o Barcelona, mas agora cada um em seu caminho.

Esse texto foi escrito em Agosto de 2021.

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Rafael Uzunian
Rafael Uzunian
Coordenador do Euro Fut, roteirista no YouTube, sofrendo com Santos e Arsenal.

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